Deputados federais e senadores eleitos pelo Distrito Federal comentaram, pelas redes sociais, os atos de vandalismo ocorridos neste domingo (8), na Praça dos Três Poderes, protagonizados por bolsonaristas extremistas que até hoje não aceitam os resultados das eleições presidenciais de outubro. Todos os posicionamentos foram em repúdio aos atos de depredação, até mesmo entre parlamentares de extrema-direita, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, como é o caso senadora eleita Damares Alves (Republicanos).
“A liberdade de manifestação é um dos pilares da democracia, mas invadir e depredar patrimônio público/privado jamais será a solução. Nossa discordância com a esquerda é no campo das ideias. Nossa oposição deve ser feita de forma pacífica e por meio de instrumentos previstos na Constituição Federal”, escreveu.
O deputado federal eleito Fred Linhares (Republicanos) se manifestou no mesmo tom de Damares Alves, ao classificar os atos de vandalismo como manifestação, mas acrescentou que repudia manifestações que 'ultrapassem os limites da democracia independente se promovidos pela esquerda ou direita'.
Já a deputada federal Érika Kokay (PT), reeleita para mais um mandato, condenou o uso da palavra “manifestantes” para caracterizar os grupos que depredaram edifícios oficiais nos atos de ontem, e os chamou de “golpistas e terroristas”. Ela acrescentou que todos devem ser punidos sem anistia. Dentre os responsáveis, ela cita o próprio governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) O governador já foi afastado por 90 dias em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Ibaneis e seu secretário de Segurança bolsonarista [Anderson Torres] precisam ser responsabilizados pelos atos golpistas e terroristas realizados hoje na Esplanada e nos três poderes da República. Ambos foram omissos e cometeram crime de responsabilidade”, aponta Kokay.
Outro deputado federal eleito, Reginaldo Veras (PV), ressaltou que Ibaneis Rocha recebeu o aviso sobre o risco de colocar, à frente da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, um ex-ministro de Jair Bolsonaro. O parlamentar assinou um pedido de impeachment contra o governador. Professor, Reginaldo ainda comparou a leniência das autoridades com a repressão a protestos de outras categorias. “Se fossem professores ou estudantes, a reação seria a mesma?”, questionou em suas redes.
A atitude do governador da capital também foi questionada pelo senador Izalci Lucas (PSDB), que declarou ser inaceitável admitir um comportamento contrário ao Estado Democrático de Direito. Ele apontou ainda que os atos de violência destruíram um patrimônio que pertence a todos os brasileiros.
“Os culpados devem ser identificados e punidos. A intervenção é muito ruim para o DF. Demonstra incapacidade do governador. Se por um lado faltou articulação política, por outro presenciamos excesso de arrogância e prepotência”, declarou.
A também senadora Leila Barros (PDT) afirmou que os veículos de comunicação divulgaram, no decorrer da semana, a organização prévia dos atos dos grupos bolsonaristas, bem como as ameaças de invasão. Ela destacou que a atitude do Governo Ibaneis deveria ter sido a de reforçar o efetivo disponível para acompanhar os atos, o que não ocorreu. Para a senadora, os “manifestantes” desafiaram a democracia, afrontando as leis e confrontando as forças de segurança, o que representa um crime contra a ordem democrática brasileira.
“Os atos são graves e merecem uma punição severa e exemplar. A intervenção decretada pelo Governo Federal no Distrito Federal é medida amarga, porém necessária para garantir a Lei e a Ordem, deveres que Ibaneis não cumpriu como governador do Distrito Federal”.
O deputado federal Júlio César Ribeiro (Republicanos) criticou o afastamento de Ibaneis Rocha, sem a conclusão de inquérito ou investigação prévia.
“O afastamento do governador Ibaneis fere brutalmente a democracia que o elegeu para governar o DF. Repudio qualquer tipo de manifestação violenta, assim como qualquer autoritarismo que venha ocorrer ferindo o processo eleitoral”, declarou.
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Edição: Flávia Quirino