Um balanço apresentado pela Polícia Federal (PF), na tarde desta terça-feira (10), informa que, até o momento, 527 pessoas foram presas por envolvimento em atos golpistas antidemocráticos que aterrorizaram a capital brasileira no último domingo (8). Eles estão sendo encaminhados ao sistema prisional do DF, que é o Complexo da Papuda, para homens, e a Colméia (Penitenciária Feminina do DF).
Ainda ontem, após a desmobilização do acampamento golpista em frente ao Quartel-General do Exército, mais de 1,5 mil pessoas foram conduzidas pela Polícia Militar do Distrito Federal para a Academia Nacional de Polícia, em Brasília, após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
No local, segundo a PF, os detidos estão sendo submetidos aos procedimentos de polícia judiciária. Após os trâmites realizados pela Polícia Federal, os presos estão sendo apresentados à Polícia Civil do DF, responsável pelo encaminhamento dos detidos ao Instituto Médico Legal e, posteriormente, ao sistema prisional.
"Por questões humanitárias foram liberados 599 detidos, em geral idosos, pessoas com problemas de saúde, em situação de rua e mães acompanhados de crianças", informou a PF.
Ainda segundo a nota oficial, todos os procedimentos estão sendo acompanhados, ininterruptamente, pela Ordem dos Advogados do Brasil, Corpo de Bombeiros, Secretaria de Saúde do DF, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Defensoria Pública da União. Além disso, todos estão recebendo alimentação regular (café da manhã, almoço, lanche e jantar), hidratação e atendimento médico quando necessário.
O interventor federal na área de Segurança Pública do DF, Ricardo Cappelli, disse mais cedo que os adultos que levaram crianças aos acampamentos instalados em frente ao QG do Exército serão investigados. "É crime levar crianças a um ambiente com uma série de elementos criminosos e com pessoas depredando patrimônio público", garantiu.
Sobre as reclamações de supostas violações de direitos humanos na Academia Nacional de Polícia, para onde foram levados os golpistas detidos, Cappelli disse que todas as garantias estão sendo observadas. "Vamos garantir o respeito a todas as garantias constitucionais. Elas [pessoas detidas] estão recebendo alimentação, há um hospital de campanha e bombeiros instalados lá dentro. Tem sete ambulâncias disponíveis. Ou seja, estão com alimentação, apoio de saúde e segurança", disse.
Governadora
Em declaração à imprensa, no Palácio do Buriti, sede do Governo do Distrito Federal (GDF), a governadora em exercício, Celina Leão, disse que tenta dar normalidade à continuidade do governo. "Criamos, num primeiro momento, um grupo de restabelecimento da ordem pública, aqui no Governo do Distrito Federal, do qual participam os órgãos mais importantes. O GDF não irá tolerar atos de vandalismo, atos que repercutem internacionalmente contra a nossa democracia".
Já o chefe da Casa Civil do GDF, Gustavo Rocha, mencionou que o sistema prisional do DF está preparado para receber as pessoas presas por atos antidemocráticos e que foram foram disponibilizados 54 profissionais de saúde para atender os detidos na Academia Nacional de Polícia.
Prisão de comandante
O ministro Alexandre Moraes, do STF, determinou a prisão do ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal Fabio Augusto Vieira, nesta terça-feira. Ele havia sido exonerado do cargo nesta segunda-feira (9), um dia depois dos ataques de bolsonaristas contra as sedes dos Três Poderes.
No dia dos atos criminosos, Vieira ainda estava no comando da corporação. Em seu lugar, Ricardo Cappelli, nomeou Klepter Rosa. O interventor no DF afirmou que a manifestação golpista só foi possível devido a uma "operação de sabotagem" nas forças de segurança locais.
A Advocacia-Geral da União (AGU) já havia pedido também a prisão do ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, que está no exterior. O pedido ainda não foi analisado pelo ministro Alexandre de Moraes.
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Edição: Flávia Quirino