A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu nesta terça-feira (10) abertura de inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar o governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), além do ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres. O segundo já teve até a prisão decretada pelo STF e deve se entregar nos próximos dias, quando retornar de viagem aos EUA.
De acordo com a PGR, a investigação pretende apurar a conduta dos envolvidos durante os atos terroristas neste domingo (8) contra o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e a Suprema Corte.
Em outra frente, o Ministério Público de Contas (MPTCU) pediu Tribunal de Contas da União (TCU) o bloqueio dos bens do governador afastado, bem como do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), além de Anderson Torres. A decisão ainda não foi tomada pela corte de contas. Neste caso, a ação tem como norte garantir o ressarcimento aos cofres públicos do prejuízo causado pelos atos antidemocráticos promovido por bolsonaristas.
Ibaneis Rocha era o segundo candidato a governador mais rico das eleições de 2022. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-mandatário do Distrito Federal declarou possuir R$ 79,8 milhões em patrimônio, valor 15% menor do que havia divulgado em 2018, quando tinha R$ 94,1 milhões em bens.
Impeachment e CPI
No plano político, a pressão se dá principalmente na Câmara Legislativa (CLDF), onde Ibaneis Rocha já tem contra si três pedidos de impeachment para tirá-lo definitivamente do cargo.
Um desses pedidos, apresentado conjuntamente pelos partidos PSOL, PT e Rede conta com 48 signatários, entre eles os deputados distritais Fábio Felix (PSOL), Max Maciel (PSOL), Chico Vigilante (PT), Ricardo Vale (PT) e Gabriel Magno (PT), a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) e representantes de movimentos sociais, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), entre outras. Lideranças locais e nacionais dos partidos participaram da apresentação do documento, que acusa o governador Ibaneis Rocha de crime de responsabilidade.
Também já há assinaturas suficientes para a abertura de um Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a conduta do governador e dos agentes públicos da Segurança Pública do DF nos episódios de tentativa de golpe.
Relações suspeitas
Ibaneis é tido como cúmplice do descalabro do que aconteceu em Brasília, entre outras razões, porque decidiu bancar a nomeação de Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro, mesmo tendo sido alertado sobre riscos e o mal-estar que isso causaria na relação com o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Torres é muito próximo tanto de Ibaneis quanto de Bolsonaro, o que reforça as suspeitas de omissão.
Além disso, uma pressão grande e frequente pode vir das ruas. Nesta segunda-feira (9), por exemplo, um dia após os atos antidemocráticos, um protesto em Brasília foi realizado em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo distrital, pedindo a cassação de Ibaneis. A tendência é que novas manifestações ocorram, que podem ser impulsionadas com o andamento das investigações.
Enquanto isso, a governadora em exercício, Celina Leão (PP), tenta da ares de normalidade no dia a dia do governo e pode se firmar no cargo, onde permanecerá por, no mínimo, 90 dias. "Criamos, num primeiro momento, um grupo de restabelecimento da ordem pública, aqui no Governo do Distrito Federal, do qual participam os órgãos mais importantes. O GDF não irá tolerar atos de vandalismo, atos que repercutem internacionalmente contra a nossa democracia", afirmou em declaração à imprensa nesta terça. Ela também reconheceu que houve falha grave no protocolo de segurança da capital e que as investigações em curso vão determinar os responsáveis.
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Edição: Flávia Quirino