Foi publicado na noite desta sexta-feira (13), uma edição extra do Diário Oficial da União com a nova gestão da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). No decreto, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, destituiu a diretoria da EBC e nomeou como diretora-presidente Kariane Costa, representante dos empregados no Conselho de Administração da empresa (Consad), com prazo de gestão até 30 de outubro de 2023.
“Inicia-se hoje uma transição, que resultará no fortalecimento da comunicação pública, na valorização dos empregados e no aprimoramento da governança”, disse Paulo Pimenta, ministro-Chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
No decreto foram destituídos dos cargos, o diretor-geral e os diretores de Jornalismo, de Administração e de Operações. O diretor de Conteúdo e Programação, Denilson Morales da Silva, empregado de carreira da EBC, continua no cargo.
Além de Kariane Costa, de acordo com o ministro Paulo Pimenta, também participarão do processo de transição da EBC outras mulheres que devem assumir cargos de assessoria ou gerências: Rita Freire, presidente do Conselho Curador da EBC cassado após o golpe de 2016; Juliana Cézar Nunes, empregada concursada da empresa; e as jornalistas Nicole Briones e Flávia Filipini.
“A composição do processo de transição, reunindo empregados concursados da empresa, mas também representantes da sociedade e profissionais da área, mostra nosso compromisso com a comunicação pública e com a integridade e o fortalecimento da EBC”, disse o ministro Paulo Pimenta.
“Demissão por justa causa”
Em setembro de 2022, Kariane Costa foi demitida “por justa causa" da EBC, após denunciar de forma sigilosa, à Ouvidoria da casa, o assédio moral contra trabalhadores da empresa.
Ao receber a notificação sobre a acusação de assédio, a gestão da EBC entrou com interpelação no âmbito da justiça criminal com o intuito de constranger e intimidar a conselheira e apresentaram denúncia contra Kariane alegando injúria, calúnia e difamação e exposição a uma situação vexatória.
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“Vivemos um momento muito delicado no país, não só na EBC, mas em toda esfera pública. O servidor público está sendo muito atacado, vide o que aconteceu no Ibama, na Funai e nos órgãos públicos onde os servidores que ousam denunciar assédio moral, sexual, uso da máquina pública para benefício do governo Bolsonaro e não em prol da missão do órgão ou da empresa são retaliados e perseguidos”, disse Kariane Costa à época.
Em outubro, profissionais da EBC receberam o Prêmio Especial Vladimir Herzog de Contribuição ao Jornalismo. A homenagem celebrou a luta em defesa da comunicação pública, sob ataque desde 2016, quando Michel Temer (MDB) assumiu o Governo Federal após o golpe contra Dilma Rousseff. A situação ficou ainda pior nos quatro anos de governo de Jair Bolsonaro (PL).
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Dossiês
Na gestão de Bolsonaro foram elaborados quatro dossiês elaborados por profissionais da empresa que reuniram mais de 530 casos de censura a conteúdos de relevância. A preferência da direção da empresa foi por dar espaço ao governismo, com pautas "chapa-branca", e abordar temas sem qualquer relevância.
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Edição: Flávia Quirino