O sambista Marcelo Sena faleceu neste domingo, 29, aos 58 anos. Uma das maiores referências em cultura na capital do país, Sena foi vítima de um câncer de próstata, com metástase nos ossos, diagnosticado em 2018.
Marcelo e outros sambistas da cidade, conquistaram Brasília, que é considerada a capital do rock, no fim dos anos 70 com o ritmo que deu origem a Acadêmicos da Asa Norte, a escola de samba Turma do Barril e a também tradicional Aruc. Ele também foi responsável por animar casas de shows, bares e botequins na W3 Sul e em todo o Distrito Federal.
Artistas da cidade, parlamentares e fãs receberam a notícia do falecimento com pesar. “Marcelo é pra mim, não foi, ainda é um marco na minha carreira musical. Quando criança, foi no show dele a minha primeira vez conhecendo esse universo. E ao longo da vida tive a honra de ser amigo de quem sou fã. Uma vida de aprendizado, parceria e trocas de energias boas. Já seguia o legado dele, só continuarei", disse o cantor, compositor e multiinstrumentista, Milsinho.
O percussionista George Guterres também afirmou Marcelo Sena como referência para a cultura da cidade. “Quem nunca curtiu o som do Coisa Nossa? Ele sempre solícito com todos, sempre sorrindo, cantando e encantando. Cumpriu maravilhosamente sua missão aqui na terra e deixou um legado. Obrigado, Marcelo Sena!”
A cantora Kris Maciel também prestou homenagem ao cantor e teve ainda, a oportunidade de participar de dois eventos beneficentes em prol de angariar fundos para custear as despesas do tratamento. “Participei do último na quinta-feira (26). E na sexta, fui ao Acadêmicos da Asa Norte, e o irmão dele, Márcio Sena, me pediu para cantar "De tanto sofrer", um grande sucesso do Coisa Nossa. Eles gravaram para mostrar a ele no sábado (28). Cantei com uma dor no coração e muito nervosa, porque essa música, nesse momento, detona com a gente. Não estava preparada, mas fiz com muito carinho!”, disse.
Outros artistas como Marcelo Café também deixaram mensagem de saudades para o cantor. “Brasília amanhece mais triste hoje. Uma das vozes representativas do samba da cidade vai cantar em outras dimensões. Marcelo Sena era um mestre. Foi um guerreiro contra o câncer e deixou sua marca. Saravá, meu irmão. Obrigado por ter nos proporcionado tantas alegrias".
Breno Alves, cantor, compositor e integrante do grupo 7 Na Roda, registrou que “perdemos uma referência muito importante que conduziu o crescimento de outros artistas”. Além dele, a sambista Cris Pereira exaltou a importância do legado deixado. “Para nós sambistas de Brasília, o Marcelo Sena não parte porque seu legado é eterno e nos reunirá para sempre em volta das rodas por onde ele se criou e nos ensinou a honrar o samba e sua força”, lamentou.
Alguns fãs e também artistas comentam que para estarem mais próximos da arte de Marcelo, por vezes tiveram que pular o muro das casas de show para assistí-lo, como relata Oton Neves, vocalista e pandeirista do grupo K’nella. “Ele foi meu professor mesmo. Na adolescência pulava o muro da ARUC para vê-lo. Na época, não tinha dinheiro para pagar a entrada, mas para tentar aprender um pouquinho com ele, ficava na beira do palco vendo como tocava. Até o estilo que toco é bem semelhante ao dele. É uma perda irreparável para o samba de Brasília”.
As informações sobre sepultamento e velório ainda não foram divulgadas.
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Edição: Flávia Quirino