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O que querem as fundações privadas na Educação Pública?

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Ao centro, Jorge Lemann, o homem mais rico do país comanda Fundação entusiasta do modelo de gestão mercadológica na Educação Pública - Divulgação
A Educação não deve ser atrelada a interesses mercadológicos e meritocráticos

O rombo bilionário nas Lojas Americanas, uma das maiores varejistas do país, que veio à tona nas últimas semanas, expôs não apenas as incongruências e contradições do mercado financeiro, mas também a política econômica destas empresas.

No entanto, para nós, do movimento sindical docente que atua em defesa da Educação Pública, o que chama atenção nesse caso, são os seus protagonistas e o discurso de modelo de gestão que tanto empreendem como prerrogativa de sucesso.

Desde 1983, a Americanas tem como seus acionistas majoritários os homens mais ricos do país, são eles: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.

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O primeiro, Jorge Paulo Lemann, é considerado pela Revista Forbes, o homem mais rico do país com fortuna estimada em mais de R$ 70 bilhões. Além de fortuna e dívida bilionárias, é também presidente da Fundação Lemann. Uma organização criada em 2002 e que tem como um dos eixos de atuação, a Educação.

 A Lemann, por exemplo, é bem conhecida por oferecer bolsas de estudos em universidades fora do país e se expandiu no país no período do golpe contra Dilma Rousseff em 2016. É  também responsável por desenvolver projetos de formação política e apoiar candidaturas de jovens que possam levar adiante seus ideais para as casas legislativas.

Aliás, desde 2016 e principalmente, na gestão de Bolsonaro, as instituições de ensino  privadas tiveram terreno fértil para implantar e fortalecer o discurso que tanto empreendem em suas narrativas, numa perspectiva de formação para o empreendedorismo voltado para o mercado. No bojo, encabeçam um projeto mercantilista da Educação Pública.

O que se viu no país, nos últimos anos, foi o avanço dessas fundações junto ao Ministério da Educação. Não à toa, aumentaram os números de matrículas nas universidades privadas, o aumento do ensino à distância, a proposta de reforma do Ensino Médio, a proposta de alfabetização virtual, entre outros, tudo isso em paralelo aos cortes milionários no Orçamento da Educação Pública e o desmonte generalizado em outras áreas, como ciência e tecnologia. Isso para não falar da defasagem salarial e a desvalorização de professoras e professores, pauta que trataremos em outra oportunidade.

Garantidora de direitos sociais e imprescindível para a formação da sociedade, a Educação não deve ser atrelada a interesses mercadológicos e meritocráticos. Em um país marcado pela desigualdade social, que impactam no acesso aos direitos fundamentais, a Educação deve ser tratada como prioridade, estruturada em um projeto político que seja transformador da sociedade brasileira com vistas à garantia da cidadania.

Em um país, marcado, atualmente, por ideais fascistas e protagonizados por figuras políticas que negam o papel importante da Educação para a formação social (e que se valem disso), a reconstrução do Brasil, passa, essencialmente pela defesa da Educação Pública - com recursos e sem a participação duvidosa das bilionárias fundações privadas.

A defesa da Educação Pública se constitui pela ampliação do direito à educação para todos e todas e em especial pela ampliação do acesso ao Ensino Superior público. Uma luta contrária ao avanço dos modelos privatistas na educação brasileira, que está a serviço do mercado e do lucro e não do Direito à Educação.

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*Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB - S. SInd. do ANDES-SN)

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

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Edição: Flávia Quirino