Distrito Federal

periferia na tela

Filme "Mato Seco em Chamas" estreia no Cine Brasília; confira a programação

Longa produzido por Ardiley Queirós e Joana Pimenta retrata periferia do DF num híbrido de ficção e documentário

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Cena de "Mato Seco em Chamas"; filme fica em cartaz até 1º de março - Reprodução

Após vencer festivais internacionais e nacionais, o filme "Mato Seco em Chamas", dirigido pelo cineasta brasiliense Ardiley Queirós e por Joana Pimenta, entrou em cartaz no Cine Brasília nesta quinta-feira (23) e fica em exibição até o dia 1º de março. Entre os dias 24 a 28 de fevereiro, as sessões de "Mato Seco em Chamas" serão exibidas ás 19h10. Na quarta-feira (1º), o filme será exibido às 18h10.

Híbrido de documentário e ficção, Mato Seco em Chamas narra a história de um grupo de mulheres que se apossa do petróleo que abunda no subsolo e passa a comandar toda uma rede de comércio ilegal do produto em uma favela do Distrito Federal, mais precisamente no Sol Nascente, a periferia da periferia da capital do país.

O filme conta com a participação de não-atores, pessoas da própria comunidade, cujas histórias reais se incorporam ao roteiro que nunca é previamente fechado. É uma metodologia já consagrada na filmografia de Adirley e em seus trabalhos com Joana.

"Mato Seco em Chamas" chega às telas de cinema depois de uma temporada em festivais e premiações em diversos países. Estreou com sucesso em fevereiro de 2022 na 72ª edição do Festival de Cinema de Berlim, um dos mais prestigiados do mundo, e em março, recebeu o grande prêmio do Festival Cinéma du Réel (Cinema do Real, em tradução livre), em Paris, um dos mais importantes festivais de documentário da Europa. Em maio do mesmo ano, venceu dois dos prêmios mais importantes do IndieLisboa Festival Internacional de Cinema. Foi o escolhido do júri que para o Grande Prêmio de Longa Metragem Cidade de Lisboa, o mais importante do festival. Venceu também o Prêmio Allianz para Melhor Longa Metragem Portuguesa, já que é codirigido por uma mulher portuguesa.

:: A periferia do DF em cartaz no Festival de Cinema de Berlim ::

Adirley Queirós é reconhecido nacional e internacionalmente por filmes como "Rap, o canto da Ceilândia" (2005), seu primeiro curta, e longas premiados como "A cidade é uma só?" (2011), "Branco Sai, Preto Fica" (2014) e "Era uma Vez Brasília" (2017), o diretor que nasceu no interior de Goiás, mas se criou na Ceilândia, a periferia mais emblemática do Distrito Federal, buscou um caminho pouco usual de fazer cinema, que ele mesmo define como um abordagem etnográfica da ficção. Ele se firmou como o maior expoente do Coletivo de Cinema de Ceilândia (Ceicine).

"Muitas pessoas lidam com o mesmo objeto, o mesmo território com que a gente lida. O que acho o que é diferente no nosso cinema talvez seja essa perspectiva de produção, do modelo de produção. Os filmes demandam um tempo, a gente propõe uma ficção, mas filma como um documentário. A gente propõe histórias loucas e no final a gente quer que as pessoas vivam aquelas histórias loucas, e isso transforma o filme, depois, numa abordagem quase etnográfica. Essa coisa que a gente chama etnografia da ficção, de certa forma não é nova porque Jean Rouch fez lá atrás, mas no cinema brasileiro tinha pouco essa abordagem", analisa.

Em cartaz

Também estão em cartaz no Cine Brasília, até 1º de março, os filmes “Andança – Os Encontros e as Memórias de Beth Carvalho” de Pedro Bronz, “As Histórias de meu pai” de Jean-Pierre Améris e “Perlimps” de Alê Abreu.

Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do cinema ou no site do Cine Brasília. O valor para entrada custa R$ 20, e a meia entrada, R$ 10. Comprando pelo site tem acréscimo da taxa de serviço. O Cine Brasília fica localizado na Asa Sul Entrequadra Sul 106/107.

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Edição: Flávia Quirino