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“PM não planejou e não executou o plano acordado”, diz ex-secretário executivo da SSP na CPI

Oliveira reconheceu que não houve resistência às invasões dos prédios em 8 de janeiro

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Ex-secretário executivo da SSPDF e presidente CPI na Câmara Legislativa - Rinaldo Morelli/CLDF

O ex-secretário executivo da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSPDF) Fernando de Sousa Oliveira prestou depoimento nesta quinta-feira, (2), na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa. Oliveira que era o substituto de Anderson Torres que estava no exterior no dia 8 de janeiro reconheceu no depoimento falhas da segurança do DF e culpou a PM pelo ocorrido.

O presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), foi quem iniciou as perguntas questionando o ex-secretário executivo sobre suas responsabilidades e apresentou um áudio que Oliveira enviou ao governador afastado Ibaneis Rocha (MDB) no dia 8 assegurando “normalidade”. Para se defender, o depoente disse que se baseou em informes da PM. “Isso foi me repassado pelo grupo de policiais que estavam in loco”, disse.

Ao ser indagado pelo Presidente da CPI sobre a falta de planejamento, o ex-secretário disse que existia um plano de ações integradas, que foi discutido e aprovado por todas as forças, com o então secretário Anderson Torres, antes de sua viagem. “O grande questionamento é saber por que o departamento de operações da PM não planejou e não executou o plano que foi acordado na sexta-feira [anterior ao ato de 8 de janeiro]”, disse o depoente.

O ex-secretário reconheceu que não houve resistência às invasões dos prédios em 8 de janeiro e responsabilizou a PM. “Existiu um erro de execução da operação, por parte da Polícia Militar, isso é visível, as imagens falam por sí”, disse ele, acrescentando que “não teve resistência à invasão. Não posso fazer juízo de valor, mas há uma certa passividade [...] foi praticamente sem resistência”.

Chico Vigilante questionou ainda sobre as motivações para essa leniência das forças de segurança do DF, mas o depoente alegou desconhecimento. Contudo, Oliveira chamou atenção para o fato da PM do DF já ter realizado dezenas de operações, com um público ainda maior que o de 8 de janeiro e terem ocorrido com “excelência”, pois a Capital conta com uma das corporações mais bem treinadas e equipadas do Brasil.  

O deputado Fábio Felix (PSOL), que integra a CPI, iniciou seus questionamentos recordando que Oliveira, que é delegado da Polícia Federal lotado no RS, assumiu um cargo no Ministério da Justiça na gestão de Anderson Torres. Assim, o deputado questionou o depoente sobre a proximidade com o ex-secretário que está preso e se ele tinha conhecimento de tentativa de golpe, o que foi refutado por Oliveira.

Fábio Feliz também questionou Oliveira sobre o que impediu que os criminosos que haviam acabado de participar dos atos de depredação fossem presos quando retornaram para a frente do Quartel General do Exército. O depoente disse que estava presente na Esplanada no momento da retomada e que “não foi permitida a prisão que adentraram ao QG do Exército”.  “As forcas estavam prontas pra realizar as prisões”, assegurou o ex-secretário, sem citar quem informou que as forças de segurança do DF não poderiam efetuar as prisões.

Outros depoimentos

Está prevista para a próxima quinta-feira (9) o depoimento dos Anderson Torres na CPI dos Atos Antidemocráticos. Também serão ouvidos pela CPI o ex-comandante da Polícia Militar do DF (PM-DF), coronel Fábio Augusto Vieira; da ex-subsecretária de Inteligência da SSP-DF, Marília Ferreira; do ex-secretário da SSP-DF, Júlio de Souza Danilo; dos coronéis da PM-DF, Jorge Eduardo Naime e Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues; e do tenente-coronel da PM-DF, Jorge Henrique da Silva Pinto. O relator da CPI é o deputado Hermeto (MDB).

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Edição: Flávia Quirino