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100 dias do governo Ibaneis: inércia e ausência de diálogo com movimentos sociais

Para representante do MTST decreto sobre manifestações e volta de despejos de famílias são preocupantes

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Ibaneis Rocha nomeou Anderson Torres, que está preso, logo no início de 2º mandato - LÚCIO BERNARDO JR/AGÊNCIA BRASÍLIA

Os 100 dias do segundo mandato de Ibaneis Rocha (MDB) no governo do Distrito Federal foi marcado pelos acontecimentos relacionados à tentativa de invasão golpista do dia 8 de janeiro, que culminou no afastamento do governador por mais de dois meses do cargo. Apesar da vice-governadora Celina Leal (PP) ter ocupado o posto da chefia no Executivo na maior parte desse início de gestão, o governo do DF seguiu uma postura muito semelhante ao primeiro mandato de Ibaneis, com políticas privatistas e pouco diálogo com os movimentos sociais.

Na Câmara Legislativa a gestão de Ibaneis tem passado por um escrutínio, principalmente no que diz respeito a ação dos gestores nomeados pelo governador para cargos chave na cúpula da Segurança Pública e que foram incapazes de evitar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Foi instalada uma Comissão Parlamentar de Inquéritos (CPI), na qual já foram ouvidos diversos ex-gestores nomeados por Ibaneis e explicitadas várias falhas da segurança publica do DF.  Além disso, o ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres, nomeado por Ibaneis no início do atual mandato, segue preso suspeito de conivência com os atos que resultaram na destruição dos prédios públicos da Praça dos Três Poderes.  

“São 100 dias que ainda não aconteceu. Foram 66 dias do governador afastado. Ficou 100 dias numa inércia pela situação que o Distrito Federal se encontrou após dia 8 de janeiro, com o governador” avaliou o deputado distrital Max Maciel (PSOL). O parlamentar criticou ainda o foco do governo para grandes obras em detrimentos daquelas que realmente impactariam na vida da população que mais carece dos serviços públicos, como o atendimento de saúde primária e do transporte público.

Para Max Maciel não houve uma grande mudança no governo do DF com a troca de Celina por Ibaneis e o que marcou foi realmente a “inércia”. “Seguimos aqui na Câmara Legislativa na fiscalização e cumprindo nosso papel na oposição que é fiscalizar o governo e esperando sempre o melhor para a nossa população”, destacou Maciel.

Para os movimentos sociais a atuação de Ibaneis segue sendo marcada pela falta de diálogo, conforme destaca Rud Rafael, coordenador no DF do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Ele destaca ainda o estabelecimento da Portaria nº 56 em que o governo do DF estabeleceu novas regras para manifestações na área central de Brasília que na prática restringem os atos.

“Essa portaria viola o direito de livre manifestação e das liberdades dos movimentos sociais. Então, mais uma vez o governo Ibaneis vem com essa lógica de violação de direitos”, disse Rud Rafael, enfatizando a falta de abertura do governo Ibaneis para o diálogo com os movimentos populares.

O representante do MTST destacou também um ponto de muita preocupação nesse início de mandato que foi volta dos despejos de famílias no DF. “É grande a preocupação em relação aos despejos. A gente viu nesse começo de governo o retorno dos despejos no Distrito Federal, contrariando inclusive a luta da campanha despejo zero e o debate nacional que está construído sobre esse tema”, destacou Rud Rafael, destacando que governo Ibaneis está na contramão de uma discussão nacional envolvendo vários órgãos e sociedade civil.

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Edição: Flávia Quirino