O Espaço Cultural Moinho de Vento, em Santa Maria, recebe nesta sexta-feira (14), a partir das 18h, o lançamento do livro “Francas Palavras”, de autoria do sociólogo Emerson Franco. Cria da periferia de Brasília, Emerson foi capaz de subverter a lógica prevista para os jovens periféricos e cantada por Racionais Mc’s desde 2002: “me ver pobre, preso ou morto já é cultural”.
Egresso do sistema carcerário, o educador conta, nas 27 poesias do livro, as dores e os desafios da juventude periférica, constantemente impactada pela desigualdade, discriminação e violência policial. Mas traz também o que considera a luz no fim do túnel da sua trajetória: a educação como ferramenta revolucionária e libertadora.
“Fui adolescente em conflito com as leis, cumpri medida socioeducativa nas unidades de internação aqui de Brasília e sou egresso do sistema penitenciário. Passei alguns anos atrás das grades antes de me tornar o que sou hoje. Basicamente, o livro ‘Francas Palavras’ é uma obra literária que conta bastante sobre a minha história de vida. É um livro de poesias, inspirado em histórias verídicas, rimado e ritmado, que poderia facilmente se tornar um Rap”, conta Emerson Franco.
A obra foi publicada pela AVÁ Editora, uma editora in(ter)dependente, que auxilia escritoras e escritores das quebradas do DF e de todo o Brasil que não conseguem apoio, custeio e financiamento para publicar.
Para Emerson, a publicação de “Francas Palavra” é a realização de um sonho.
“Eu sempre tive uma ligação muito forte com a leitura, a educação, a escrita criativa e a construção poética. E sempre tive o desejo de publicar um livro que contasse um pouco da minha história de vida na finalidade de ajudar adolescentes e jovens moradores de periferias e estudantes de escola pública”, explica.
Professor de Sociologia da Secretaria de Educação do DF, Emerson foi o primeiro da família a cursar o Ensino Superior e ser aprovado em um concurso público. Atualmente, ele volta aos lugares onde outrora esteve preso para levar aos jovens socioeducandos e homens e mulheres privados de liberdade um pouco de dignidade e de esperança.
“Da minha geração, quem não morreu, está preso ou foragido e eu sou praticamente o único que conseguiu mudar de vida, graças a Deus (em primeiro lugar), meus pais, Sr. Cicero e Dona Eveline, e à educação, que mostrou que eu poderia ter minha vida radicalmente transformada. De péssima influência, passei a ser uma grande referência na quebrada”, afirma.
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Edição: Flávia Quirino