Com o objetivo de agregar áreas de conhecimento diversas e atividades como feiras, lançamentos de livros, debates e vivências para pautar a reforma agrária foi lançada nesta segunda-feira (17) a 10ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) na Universidade de Brasília (UnB), campus Planaltina. Parte da agenda do evento foi dedicada ao Abril Vermelho pela memória aos mártires do massacre em Eldorado do Carajás, ocorrido em 1996 no estado do Pará.
O JURA acompanha ainda uma outra iniciativa do movimento: a Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária, sob o lema “Contra a fome e a escravidão: por Terra, Democracia e Meio Ambiente!”. De acordo com um dos organizadores do evento, o professor da UnB Luis Antônio Pasquetti “é fundamental que os professores e estudantes das 70 universidades do Brasil e as que estão no exterior participem das atividades porque a questão agrária não está resolvida no Brasil".
Professora do curso de Licenciatura em Educação no Campo da UnB, Clarice Aparecida dos Santos, comemorou os 10 anos da jornada. “Trata-se de uma década de experiência coletiva e sistematização de saberes”.
O dirigente distrital do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no DF e Entorno, Marco Baratto, explicou que é importante de recolocar o debate da reforma agrária no centro da pauta de discussão no país. “O MST está em movimento coletivo. A gente vai sempre se movimentar, independente do governo vigente, para que nossa pauta avance”, disse Baratto, destacando que o MST está fazendo ações solidárias e construtivas em todo o Brasil.
“Por que não sonhar com um país justo e generoso?”, indagou Teresa Maia, representante do projeto Brasil Popular e convidada do evento. O projeto defendido por Teresa é, segundo ela, comprometido com a realização da reforma agrária popular, com a implementação de amplos programas e políticas de estruturação da agroecologia como base produtiva e tecnológica.
Reforma agrária e universidade
A Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) ocorre entre os meses de abril e maio, em várias Universidades Federais, Estaduais, Particulares e Institutos de Ensino por todo o Brasil. O objetivo é buscar visibilidade para ações de luta pela terra.
“As Universidades são instituições públicas, marcadas como espaços democráticos de debate, circulação e produção de conhecimento sobre as questões que interessam ao País e à sociedade. A Reforma Agrária é uma dessas principais questões porque se refere às temáticas da terra e dos territórios e sobre a forma como são ocupados e seu uso para o desenvolvimento do País. Nesta perspectiva, a Reforma Agrária Popular apresentada pelo MST, como o projeto de Reforma Agrária que o Brasil precisa, traz consigo o tema definitivo da produção de alimentos para o enfrentamento da fome e de alimentos saudáveis como direito do povo", observa a professora da Universidade de Brasília (UnB), Clarice Aparecida dos Santos, uma das organizadoras da Jornada.
Eldorado dos Carajás
O dia 17 de abril é o marco do massacre de Eldorado dos Carajás que, em 2023, completa 27 anos. O fato aconteceu no ano de 1996 quando duas tropas da Polícia Militar do Pará avançaram com armamento pesado contra 1.500 famílias de trabalhadores rurais Sem Terra que marchavam em direção à capital Belém para reivindicar a desapropriação de terras para Reforma Agrária. O resultado da operação foi o massacre. Foram 19 camponeses barbaramente assassinados no local e outros dois que morreram em seguida por conta dos ferimentos.
Com informações da Comunicação do MST DFE.
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Edição: Flávia Quirino