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A luta continua, sempre!

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"A consciência de classe e a organização sindical são remédios eficazes na cura de um Brasil que adoeceu nos últimos anos." - Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Escalada de progresso não significa descanso: pede luta permanente, consciente e unificada.

A classe trabalhadora subiu a rampa do Planalto. E voltamos a ter um presidente da República que valoriza essa gente brasileira que trabalha. Desde que recebeu a faixa presidencial da catadora Aline Sousa, mulher trabalhadora negra de 33 anos, Lula vem construindo um Brasil para quem quer fazer valer o próprio suor.

Muita coisa já foi feita até agora. No plano nacional, tivemos a volta do Bolsa Família e do programa Minha Casa Minha Vida. Foram criados e recriados órgãos públicos voltados aos direitos humanos, aos povos indígenas, aos negros e negras, ao meio ambiente, à cultura.

A valorização do salário mínimo está de volta, junto com a preocupação em regular o trabalho por plataformas digitais (entregadores, motoristas e outros profissionais) e fortalecer o serviço e os servidores públicos.

Um pacote de ações histórico prevê a obrigatoriedade do pagamento de mesmo salário para homens e mulheres que exercerem a mesma função. Além disso, Lula ainda requereu do Congresso Nacional a ratificação da Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que enfrenta a violência e o assédio no mundo do trabalho, e da Convenção 156, que prevê igualdade de oportunidades e tratamento a trabalhadoras e trabalhadores.

Também foram retomadas as políticas de financiamento agrícola, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). E políticas de estabelecimento de crédito para cooperativas, além de pequenos e médios empreendedores vêm sendo formuladas.

Na educação, o avanço do Novo Ensino Médio foi brecado, embora ainda careça de uma medida para revogação definitiva. O repasse para merenda escolar foi reajustado em 39% e bolsas de estudo, pesquisa e formação foram corrigidas em percentuais que variam de 25% a 200%.

A saúde é marcada com o retorno do Mais Médicos, com o lançamento do Movimento Nacional de Vacinação e a campanha com doses da vacina bivalente contra a Covid-19. Paralelamente, o Ministério da Saúde corre contra o tempo para ampliar o Farmácia Popular e garantir a ampliação de recursos para reduzir a fila de cirurgias eletivas. Na contramão do etnocídio patrocinado no governo anterior, foi declarada emergência devido a mortes por desnutrição de yanomamis, com envio da Força Nacional do SUS a Roraima.

Empresas como os Correios, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) e o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) foram retiradas de programas de privatização, garantido o emprego dos trabalhadores dessas empresas e, o mais importante, a soberania do país.

Os sindicatos de trabalhadores voltaram a ser reconhecidos, valorizados e consultados, e foi restabelecida a participação popular nas decisões dos rumos do país com o retorno dos conselhos e das consultas públicas.

A escalada de progresso, entretanto, não significa descanso: ela pede luta; e luta permanente, consciente e unificada.

No trimestre que encerrou em janeiro deste ano, a taxa de desemprego ficou em 8,4%. Isso significa que pelo menos 9 milhões de trabalhadores e trabalhadoras estão desempregados. Precisamos de geração de empregos dignos, com direitos e seguridade.

A renda continua concentrada nas mãos de pouquíssimos, resultando em miséria, fome, morte.

A política privatista se mantém incrustrada na sociedade, alimentada pela mídia tradicional que a alardeia como uma saída mágica aos entraves financeiros do Brasil. Para reduzir as desigualdades, é urgente a valorização do serviço público e a defesa das empresas públicas, peças indispensáveis para a distribuição de justiça social e a garantia da soberania do Brasil.

O bolsonarismo está longe de chegar ao fim. As ideias de costumes ultraconservadores e a sanha pela implantação de uma política econômica antipovo continua forte e ameaçadora para a democracia e o progresso.

A consciência de classe e a organização sindical são remédios eficazes na cura de um Brasil que adoeceu nos últimos anos.

É necessário compreender o cenário marcado por mudanças estruturais para (re)criar as estratégias de mobilização das categorias, que devem se sentir pertencentes ao movimento organizado da classe trabalhadora. É preciso romper com o tradicionalismo para manter a tradição de sindicatos fortes, autônomos e independentes.

O método Lula de governar nem de muito longe se assemelha ao de Bolsonaro. Mas enquanto trabalhadores e trabalhadoras não tiverem seus plenos direitos resguardados, sua dignidade fortalecida e sua consciência crítica a pleno vapor, a luta de classe será urgente. Saibamos do nosso dever na história!

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*Rodrigo Rodrigues é professor de História da rede pública de ensino do DF e presidente da CUT-DF.

** Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

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Edição: Flávia Quirino