Neste domingo (21), a tradicional Marcha da Maconha toma as ruas de Brasília. Com o lema “pelo fim do extermínio do povo preto e dos povos originários”, os participantes caminharão, a partir das 14h, partindo da Esplanada dos Ministérios.
A semana será marcada por mobilizações em torno discussão da descriminalização e da legalização da maconha, já que na quarta (24), o Supremo Tribunal Federal (STF) retomará o julgamento sobre o porte para consumo próprio.
“Acreditamos que o proibicionismo está na raiz de dezenas de questões sociais, como o encarceramento de jovens negro e a marginalização dos usuários, a falta de medicamentos acessíveis a pessoas com doenças tratáveis. A guerra as drogas é comprovadamente um esforço caro que não produz resultados, e tem dezenas de ‘efeitos colaterais', como a violência”, explica Eudaldo Sobrinho, um dos organizadores da Marcha.
Segundo o ativista, as drogas deveriam ser tratadas como uma questão de saúde pública, e não na esfera da política de segurança, como é feito há anos sem resultados positivos e duradouros.
Com o objetivo de informar o público e combater o preconceito e o moralismo que permeiam o debate sobre a descriminalização da maconha, o movimento tem organizado encontros e debates, como o 1º Seminário sobre Antiproibicionismo do DF, realizado em 20 de abril de UnB, e a Marcha da Quebrada, que reúne rodas de conversa, atrações musicais e batalha de MC’s (Batalha da Marafa). A última aconteceu na Praça do Cidadão, na Ceilândia, no dia 29 de abril.
A Marcha da Maconha deste ano acontece em um momento crucial, pois antecede em poucos dias a retomada do julgamento do STF que delibera sobre as quantidades permitidas para porte e plantio doméstico. O julgamento começou em 2015 e, até agora, os ministros Gilmar Mendes, Luís Roberto Barros e Edson Fachin votaram por não mais considerar crime o porte de maconha para uso próprio. O relator do caso, ministro Gilmar Mendes, em seu voto, entendeu que essa descriminalização deveria valer para todas as drogas.
“Hoje a legislação não diferencia claramente usuários de traficantes gerando dezenas de problemas. O que queremos é uma legislação pautada sobre fatos científicos, livre de moralismos e que promova uma regulamentação inclusiva, que não atenda apenas a interesses econômicos e industriais. Somos de esquerda, alinhados com ideais feministas sempre defendendo a classe trabalhadora”, afirma Eudaldo Sobrinho.
Durante a Marcha, às 17h30, na Torre de TV, haverá apresentações de duas fanfarras de Brasília para agitar os participantes: a Muralha Antifa e a Pedra Fundamental.
CLDF debate cannabis medicinal
Na quinta (25), às 15h, por iniciativa do deputado distrital Max Maciel (PSOL), a Comissão Geral da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), debaterá pesquisa acerca do uso medicinal de cannabis. O parlamentar afirma que mesmo com um decreto federal prevendo a atividade de cultivo de plantas para fins de extração de substâncias com fins medicinais, o dispositivo ainda não foi regulamentado.
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Edição: Flávia Quirino