Assim como os demais brasilienses - aqueles que aqui nasceram e aqueles que aqui vivem -, também fiquei muito incomodada com a infeliz declaração do ministro da Casa Civil Rui Costa sobre nossa cidade ser uma "ilha da fantasia".
Ouvia isso há muito tempo, desde jovem. Mas essa expressão se refere àqueles e àquelas que vêm de seus estados para cá para cumprir seus mandatos; moradoras e moradores temporários de Brasília, para quem o Distrito Federal é o Congresso Nacional, a Esplanada dos Ministérios e seus arredores.
Acontece que ao olhar para Brasília, precisamos ver o Distrito Federal que vai muito além desse círculo tão restrito.
Inclusive, abriga a maior favela do país - e muitas outras. Localidades onde um povo trabalhador e generoso desperta todas as madrugadas para construir esta cidade, para construir este país, e garantir as condições para que o ministro, seus assessores e os parlamentares possam trabalhar também.
:: Brasília é a cidade mais segregada do mundo, aponta pesquisador ::
É um povo que trabalha muito e, muitas vezes, ganha pouco.
Um povo que demanda políticas públicas, precisa de segurança, de saúde e de educação, e espera que um Ministro de Estado que se propõe a protagonizar um governo de reconstrução olhe para ele com respeito e com atenção, como em todas as demais cidades brasileiras.
Espero realmente que o Ministro possa ampliar seu olhar, e reconhecer o valor que tem cada unidade da nossa federação. Se ele sair da Esplanada, será bem-vindo ao Distrito Federal e certamente gostará de conhecer o nosso povo.
*Rosilene Corrêa é professora aposentada da rede pública de ensino do DF.
**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato - DF.
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Edição: Flávia Quirino