Em ato de mobilização na Esplanada dos Ministérios nesta segunda-feira (3) profissionais da enfermagem que lutam pelo piso salarial da categoria enfrentaram uma reação truculenta de policiais militares do Distrito Federal. Em um vídeo enviado pelos manifestantes é possível ver a imobilização violenta de um homem, que é algemado e levado pelos policiais.
Segundo o Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiros-DF), o homem que foi levado é um enfermeiro do Rio Grande do Norte, que estava participando da manifestação, em frente ao Ministério da Saúde. Diversos manifestantes afirmaram que foram surpreendidos com uma ação truculenta da PMDF e com uso de spray de pimenta.
A diretora do SindEnfermeiros-DF, Ursula Nepomoceno, conta que a categoria estava mobilizada pacificamente na porta da Ministério da Saúde e foi recebida com "spray e porrada" pela polícia do DF. "Nós que éramos heróis, agora somos violões. Hoje a Polícia do Distrito Federal bateu na Enfermagem. Estamos na porta do Ministério reivindicando a luta do nosso piso salarial de anos" afirmou a diretora.
A deputada distrital Dayse Amarilio (PSB) disse que não estava no local no momento da ação, mas avalia que falou paciência da polícia e por isso ela vai pedir uma investigação com base nos vídeos. A parlamentar pediu "respeito" ao movimento dos enfermeiros.
Em nota a PMDF confirmou que um homem foi detido por "desobediência e desacato", durante a manifestação da Enfermagem na Esplanada dos Ministérios e levado para a 5ª Delegacia de Polícia do DF. "Um policial foi desobedecido e empurrado por um dos manifestantes que fechava a via S1, mesmo com ordem de liberar o fluxo na via", afirmou a PMDF em nota.
Ainda segundo a PM, existe uma ordem da Secretaria de Segurança Pública (SSP) para não haver obstrução de via e "um grupo de manifestantes ocupou a via S1". Segundo a nota, após uma negociação, as faixas mais à direita foram desobstruídas e acompanhadas pelos policiais, mas manifestante teria voltado a ocupar as vias desobstruídas e este foi detido.
Repercussão
Nas redes sociais parlamentares do DF criticaram a atuação da PM, um deles o deputado Gabriel Magno (PT) comparou a ação aos atos golpistas que aconteceram no dia 8 dejaneiro.
Imagina se a polícia tratasse os golpistas como trata enfermeiros e professores. É um absurdo o tratamento dado aos profissionais que estão manifestando por uma causa legítima em busca de seus direitos. Todo meu apoio à categoria! 👊🏽 pic.twitter.com/G5CEos0RHU
— Gabriel Magno (@gabrielmagno_13) July 3, 2023
O deputado distrital Fábio Félix (PSOL) também comparou a ação e cobrou respeito à categoria.
A enfermagem merece respeito! Truculência policial absurda contra as enfermeiras e os enfermeiros que protestam na Esplanada para que o piso da categoria seja pago. Imagina se as forças de segurança tivessem tratado os golpistas de 8/01 da mesma forma que tratam os enfermeiros. pic.twitter.com/3iXSA8oETU
— Fábio Felix 🏳️🌈 (@fabiofelixdf) July 3, 2023
Ministério Público
Após a manifestação, a A Promotoria de Justiça Militar do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) determinou que a Corregedoria da Polícia Militar (PMDF) abra procedimento de investigação sobre um suposto caso de violência policial.
De acordo com o órgão, a PMDF tem 10 dias para informar sobre a abertura do procedimento. Se forem constatados excessos na atuação policial, os responsáveis devem ser punidos de acordo com a legislação.
Ato em defesa da saúde
Na terça-feira (4), a categoria se une ao Ato Nacional em Defesa da Saúde, realizado pela Conferência Nacional de Saúde, que acontece em Brasília entre os dias 3 a 5 de julho. A mobilização acontece a partir das 8 horas, no Museu Nacional da República.
Greve da Enfermagem
No Distrito Federal os enfermeiros estão em greve desde a última sexta-feira (30). A principal reivindicação é que seja aplicada a legislação que assegura o piso nacional da categoria sem distorções.
No ano passado, o o Congresso Nacional aprovou uma lei fixando o piso em R$ 4.750 para os enfermeiro; 70% deste valor para técnicos de enfermagem e 50% para auxiliares e parteiras. Em abril deste ano o presidente Lula sancionou um crédito especial para complementar o pagamento do piso pela rede pública, mas o principal imbróglio segue sendo a rede privada.
*Matéria atualizada às 18h50.
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Edição: Flávia Quirino