Mais de uma dezena de famílias foram despejadas nesta segunda-feira (17) de uma área próxima ao Setor Noroeste, localizado no Plano Piloto, nas proximidades com a Estrada Parque Indústria e Abastecimento (EPIA) pelo governo do Distrito Federal. A ação causou muita indignação em líderes de movimentos sociais, parlamentares e especialistas, pois o grupo de pessoas também realiza trabalho de captação e reciclagem de materiais.
“Essa é uma ocupação com mais de 120 famílias que vivem da catação de recicláveis e havia uma negociação com o GDF”, afirmou o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST-DF), Rud Rafael, que estava no local durante o despejo das famílias. Segundo ele, havia um acordo sendo debatido com o governo do DF, que não foi cumprido e nesta segunda-feira ao menos 12 casas foram destruídas e o trabalho de coleta e reciclagem interrompido.
Para a professora Lisa Andrade, da Universidade de Brasília, que coordenou um projeto de pesquisa sobre o trabalho desenvolvido por captadores e recicladores de materiais no DF, a ação do governo é descabida. “Se as pessoas estão ali fazendo a coleta de resíduos, dando uma destinação adequada de forma organizada, fazendo um trabalho importante de sustentabilidade, o governo não poderiam trata-los como invasores”, destacou a professora.
O deputado distrital Fábio Félix (PSOL) usou suas redes sociais para criticar o que chamou de “ação intransigente” por parte do governo do Distrito Federal. “Havia um acordo para a suspensão das derrubadas na Ocupação do Noroeste, mas esse é o governo que não tem palavra. Truculência e violência contra quem mais precisa do estado”, acrescentou o deputado.
Já o deputado Gabriel Magno (PT) destacou a violência empregada na ação de despejo. “O GDF segue derrubando casas e não apresenta solução. Enquanto isso as famílias ficam sem nada! Mas o projeto de expansão de bairros nobres segue a todo vapor", descreveu.
De acordo com o MTST no local haviam mais de 120 famílias trabalhando com coleta e reciclagem, mas algumas utilizavam o local apenas para trabalho e outras já haviam deixado suas casas diante da ameaça de desejo. Assim, nesta segunda-feira pouco mais de 12 moradias foram destruídas, número que foi confirmado pelo governo.
Governo
Em nota, a Secretaria DF Legal informou que participou de uma operação para “desocupação de área pública ocupada irregularmente em uma região entre a EPIA e o Setor Noroeste”. Segundo o DF Legal, 12 edificações que classificaram como “precárias em madeira” foram removidas.
Já a Secretaria de Desenvolvimento Social informou que procedeu a solicitação do Cartão Prato Cheio e do Auxílio Vulnerabilidade para todas as famílias que estariam dentro dos critérios de renda. “Essas famílias seguem acompanhadas pelo CRAS Paranoá”, acrescentou.
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Edição: Flávia Quirino