Representantes do Hip-Hop entregaram, nesta segunda-feira (17), o dossiê para pedido de registro do Hip-Hop Brasileiro como patrimônio cultural e imaterial. O movimento seguiu em marcha da Praça Zumbi dos Palmares, em Brasília, até o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), onde o texto foi entregue a Leandro Grass, presidente do órgão.
“O Hip-Hop historicamente desafiou o sistema, historicamente desafiou as lógicas burocráticas, elitistas e racistas do Estado brasileiro”, afirmou Grass. Segundo ele, o processo de reconhecimento do movimento tem proporcionado a “recuperação dos valores culturais do nosso país”.
“É a recuperação da memória e da herança do povo africano do nosso país, mas, acima de tudo, da promoção da vida, da juventude do nosso país, é algo extraordinário. O Hip-Hop é o país dando certo! Vocês já são patrimônio vivo”, avaliou o presidente do Iphan.
O dossiê entregue ao órgão foi elaborado de forma colaborativa por membros da Construção Nacional do Hip-Hop de todos os estados brasileiros. Com mais de 2 mil páginas, o texto narra a história do movimento no Brasil e no mundo e elenca momentos, pessoas e espaços que foram importantes para a preservação dessa cultura em todos os cantos do país.
“O Hip-Hop é uma das formas que nós encontramos de diminuir a exposição do indivíduo à situação de risco a partir da cultura. A dança, o break, o grafite, o DJ, o MC tem sido movimentos que têm salvado vidas na periferia”, afirmou Darley Azulim, do Grupo Cultural Azulim, que participou da marcha e do momento da entrega do documento.
Vários elementos da cultura Hip-Hop ocuparam o Iphan durante o encontro: batalhas de rima, rodas de break e grafitagem, além de apresentações musicais de GOG e MANA. Também participaram do evento os deputados Max Maciel (PSOL), Erika Kokay (PT) e Renato Freitas (PT-PR), deputado estadual do Paraná, além de representantes do Ministério da Cultura e do Ministério (MinC) dos Direitos Humanos (MDH).
“Vocês trazem pro Estado desafios pro próprio Estado se repensar. E, ao mesmo tempo, vocês trazem a inovação da malha social, popular, da periferia, da força, da potência, do protagonismo”, disse a secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC, Márcia Rollemberg.
Próximas etapas
Agora, o pedido entregue pela Construção Nacional do Hip-Hop será avaliado pelos técnicos do Iphan e depois terá sua pertinência preliminar avaliada pela Câmara Setorial do Patrimônio Imaterial. Caso seja considerado pertinente, o pedido segue para a etapa de documentação e pesquisa do bem cultural. Depois disso, é emitido o parecer final e é encaminhado o processo de registro para Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que dará a decisão final sobre o registro do Hip-Hop como bem cultural e imaterial.
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Edição: Flávia Quirino