Ex-dirigentes sindicais e demais trabalhadores que lutam pela reestatização da Eletrobras vêm sofrendo forte pressão e até perseguição dentro da empresa, como é o caso do engenheiro eletricista Ikaro Chaves, que atua da Eletronorte (Subsidiária da Eletrobras), no Distrito Federal, e foi surpreendido com um processo de demissão por justa causa na última semana. Ikaro tem até a próxima sexta-feira (22) para apresentar a defesa das acusações de que estaria prejudicando a imagem da Eletrobras.
“Eu militei contra a privatização e luto pela reestatização da empresa, bem como sou crítico da gestão, mas não a companhia. E não é crime criticar, muito menos razão pra um processo de justa causa” afirmou Ikaro, acrescentando que trabalha há 14 anos na empresa e apresenta desempenho de avaliação, acima da média.
Ele é ex-dirigente sindical, ex-conselheiro eleito do Conselho de Administração da Eletronorte e uma das lideranças, em nível nacional, da luta contra a privatização da Eletrobras.
“Apesar de não ter recebido nenhuma advertência formal ou suspensão, que normalmente são procedimentos que antecedem a demissão por justa causa, eu vinha recebendo ameaças veladas”, afirmou Ikaro.
Segundo ele, uma das principais críticas que faz a atual gestão é a de que os dirigentes da Eletrobras foram os que mais se beneficiaram internamente, pois tiveram seus salários acrescidos, enquanto os demais funcionários apenas tiveram prejuízos com a privatização, dentre a perda da estabilidade, apesar de terem entrado na empresa por concurso público, como Ikaro.
Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Distrito Federal (STIU-DF) classificou como “inacreditável” que a Eletrobras demita profissionais altamente qualificados, com ótimos serviços prestados às empresas do Grupo Eletrobras. O sindicato ainda destacou as ameaças que os dirigentes sindicais vem recebendo, bem como demais trabalhadores, com o objetivo de aumentar a adesão à "demissão compulsória”.
Outras entidades, como Central Única dos Trabalhadores no Distrito Federal (CUT), também destacaram o episódio de Ikaro, bem como deputados progressistas que atuam no movimento pela reestatização da Eletrobras, entregue à iniciativa privada pelo ex-presidente Bolsonaro.
O Brasil de Fato DF entrou em contato com a Eletronorte, empresa que Ikaro atua, para comentar o caso e falar das demais denúncias, mas até o fechamento desta a matéria a assessoria de imprensa não havia respondido.
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Edição: Flávia Quirino