Distrito Federal

Racismo estrutural

Após críticas, governo do DF retira propaganda sem retratação

Campanha publicitária associou cabelo de homem negro a queimadas; Ministério Público e deputados criticaram

Brasil de Fato | Brasília (DF)  |
Propaganda oficial do GDF traz cabelo de homem negro associado à queimadas - Divulgação/GDF

Após forte repercussão negativa, o governo do Distrito Federal decidiu retirar de suas plataformas a campanha publicitária onde as imagens ilustradas traziam uma correlação entre cabelos do tipo “black power” e o combate às queimadas. No entanto, o governo não fez nenhuma retratação formal, o que despertou críticas por parte de ativistas e parlamentares progressistas do DF. 

Para a professora Mariana Almada, que é ativista do grupo Afro Verde, a propaganda veiculada pelo DF “utilizou de forma insensível e ofensiva o cabelo Black Power de um jovem negro em chamas, associando-o às queimadas”. Segundo ela, a ação “extremamente irresponsável e desrespeitosa, perpetuando estereótipos raciais e causando profundo desconforto à comunidade negra”.


Propaganda foi retirada do ar e de circulação, segundo GDF / Divulgação/GDF

Depois da repercussão negativa o governo do Distrito Federal alterou a propaganda destacando um jovem branco na mesma peça publicitária ao invés do jovem negro. “Faltou aí um comportamento sobretudo ético. Ficou pior ainda e para reverter a besteira que fez e de forma imatura e medíocre. Deu na mesma”, analisou Mariana Almada.

:: Governo do DF divulga propaganda oficial em que associa cabelo de homem negro a queimadas ::

O deputado distrital Max Maciel (PSOL) questionou a falta de leitura racial. “Não tem ninguém no Governo para avisar que essa ideia é racista”. Já o deputado Fábio Félix (PSOL), enquanto presidente da  Comissão de Direitos Humanos, solicitou ao Ministério Público a abertura de uma investigação, alegando uma “grave violência institucional contra a população negra”.

De acordo com o Ministério Público, o Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED) se reuniu com a Secretaria de Comunicação (Secom) na terça-feira (18) e advertiu sobre a “inadequação” da campanha. “Além do compromisso com a verdade, é preciso observar os direitos e anseios de toda a população, abrangendo toda a diversidade do povo brasileiro”, destacou a promotora de Justiça Mariana Nunes.

Após a repercussão negativa, inclusive da propaganda alterada com a imagem de um homem branco, a Secom informou ao Ministério Público que retirou o conteúdo das suas plataformas institucionais.

O Brasil de Fato DF entrou em contato com a Secom para comentar as críticas que recebeu, mas até o fechamento desta matéria o órgão não havia respondido.

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Edição: Flávia Quirino