Não há justificativas para manter os juros do Brasil como está.
Nos dias 1º e 2 de agosto, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) voltará a se reunir para definir a taxa básica de juros do Brasil. A expectativa é de que, finalmente, seja apresentada Selic inferior a 13,75%. Isso é imprescindível para que a vida da classe trabalhadora possa ter rumos mais esperançosos. Precisamos ter consciência disso.
O aumento da taxa básica de juros reduz a capacidade de consumo das famílias. Com taxas elevadas, empresas param de produzir e quem detém o capital prefere investir na especulação financeira. O que impacta diretamente na geração de empregos – e a pouca oferta de emprego gera redução de salários.
Os juros altos também dificultam o pagamento de dívidas atrasadas, e acabam impactando em todo orçamento familiar, inclusive na compra do arroz, do feijão e outros itens básicos para a sobrevivência.
A manutenção da taxa básica de juros alta também encarece o crédito para financiamento, e impede que trabalhadores e trabalhadoras possam financiar um carro, uma casa e outros bens de consumo.
Não há justificativas para manter os juros do Brasil como está. Além das consequências severas para a população brasileira, a taxa básica de juros alta se torna infundada diante do cenário econômico que abre caminho à redução da Selic, com controle da inflação, valorização do Real diante do Dólar e elevação da nota de crédito do Brasil (rating soberano) pela agência de classificação de risco Fitch.
Ainda assim, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vem teimando em manter a taxa básica de juros do Brasil a maior do mundo. Campos Neto insiste em ir contra o crescimento do Brasil para continuar agradando o mercado financeiro. Isso porque apenas “o povo da Faria Lima” e os especuladores lucram com a taxa básica de juros alta.
Exemplo disso são os investimentos em renda fixa, que têm melhores resultados com altas taxas de juros. Um dos beneficiados com esse tipo de política foi Bolsonaro, que indicou Campos Neto à presidência do BC. O ex-presidente que levou o Brasil de volta à miséria aportou R$ 17 milhões em renda fixa. O valor é o mesmo doado por aliados no primeiro semestre deste ano, em uma “vaquinha” para quitar multas que somam quase R$ 1 milhão por não usar máscara em lugares públicos no auge da pandemia da Covid-19. As multas não foram pagas, mas Bolsonaro segue lucrando com a taxa de juros extorsiva.
Quantas pessoas do seu convívio pessoal têm condições de investir em renda fixa ou qualquer outro mecanismo que faça “render dinheiro”? O relatório global Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo, da ONU, mostra que um em cada dez brasileiros (9,9%) passava por situação de insegurança alimentar severa entre 2020 e 2022. Segundo o IBGE, no primeiro trimestre de 2023, a taxa de desemprego no Brasil foi de 9,1%: 11,4 milhões de pessoas. E os juros altos são determinantes para a manutenção deste cenário.
Os que hoje reclamam do empenho do governo federal para reduzir a taxa básica de juros, alegando que isso seria um risco para o Brasil, ou que dizem que rever esse percentual não é papel do presidente da República são os mesmos que se calaram diante da política econômica destruidora de Paulo Guedes. São também aqueles que não se constrangeram quando Bolsonaro fazia cortina de fumaça com comentários insanos para conseguir aprovar reformas que prejudicavam o povo, como a da Previdência.
A poucos dias da reunião do Copom,é necessário que nós, trabalhadores e trabalhadoras brasileiros, intensifiquemos nossos protestos em todo país pela redução da Selic e pela saída de Campos Neto da presidência do Banco Central. Ele é inapto para cumprir com os objetivos da autoridade monetária do país.
O Brasil está em reconstrução, e lutaremos contra tudo aquilo que estiver na contramão dessa mudança.Queremos um país que cresça de maneira sustentável, com geração de emprego e renda.O Brasil é do povo.
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*Rodrigo Rodrigues é professor de História da rede pública de ensino do DF e presidente da CUT-DF.
** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
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Edição: Flávia Quirino