O diretor do departamento de combate à corrupção e ao crime organizado da Polícia Civil do DF, Leonardo de Castro Cardoso, foi ouvido nesta quinta-feira (17) pela CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
O depoente prestou esclarecimentos sobre todas as investigações, inclusive sobre as tentativas de atentados contra a infraestrutura do DF. Segundo ele, além da tentativa de explosão no Aeroporto de Brasília e na subestação de energia de Taguatinga, os bolsonaristas também planejaram explodir um viaduto da Rodoviária do Plano Piloto.
“[Eles] chegaram a conversar no acampamento. Colocar um explosivo no viaduto da Rodoviária central de Brasília. Ele disse que isso foi cogitado entre os organizadores. Essa conversa também constou em outros depoimentos”, afirmou o delegado, citando os depoimentos dos extremistas George Washington e do Alan Diego, que estão presos pelas tentativas de atentados.
“A Rodoviária nós sabemos que passam 700 mil pessoas diariamente ali. Portanto, explodir a Rodoviária do Plano Piloto seria matar milhares de pessoas”, disse o presidente da CPI, Chico Vigilante, acrescentando que “não eram pessoas que estavam ali [acampamentos golpistas] rezando. Eram terroristas, que queriam efetivamente implantar o terror e o caos no Brasil”.
Chico Vigilante que havia afirmado que a comissão encerraria os trabalhos em setembro, voltou atrás nesta quinta-feira (17), após o depoimento do delegado que falou sobre o atentado contra a Rodoviária do Plano Piloto. "Com o intuito de garantir a oitiva de todos os envolvidos e identificar os responsáveis pelos atos do dia 8 de janeiro, vou requerer a prorrogação da CPI dos Atos Antidemocráticos por mais 90 dias”, avisou Vigilante.
Golpe de Estado
O delegado Leonardo de Castro Cardoso informou que a maioria dos presos após o dia 8 de janeiro foram autuados pelo crime de tentativa de Golpe de Estado. “Avaliamos a conduta daquelas pessoas e de acordo com os depoimentos dos policiais militares, os interrogatórios, as imagens veiculadas e o contexto, nossa convicção foi de que essas pessoas tiveram participação no crime de tentativa de golpe de estado e por isso foram autuadas”.
De acordo com o delegado, a maioria das pessoas detidas falaram no depoimento que haviam passado pelo acampamento golpista na frente do Quartel General do Exército. Ele ainda contradisse a tese bolsonarista de que só haviam idosos pacíficos no acampamento. “Havia jovens, idosos, pessoas de baixa renda, de alta renda, de vários estados. Mas nós avaliamos os fatos, e não as pessoas”, disse Leonardo de Castro.
“Nenhuma das pessoas foi presa injustamente. Essas pessoas escolheram estar nos prédios no momento da invasão. Vários declararam depois dos fatos que estavam lá porque não aceitavam o governo eleito”, afirmou delegado ao responder uma questão do relator substituto da comissão, deputado Iolando (MDB), que falou sobre suas preocupações sobre a “individualização das condutas” das pessoas que foram presas após 8 de janeiro.
O deputado Fábio Félix (PSOL) destacou a importância das informações prestadas pelo delegado no sentido de contribuir para a CPI a chegar no que definiu como “camada política do golpe”. Na ocasião, o deputado que é membro da CPI apresentou um requerimento para que a Comissão ouça o hacker Walter Delgatti, que prestou depoimento também nesta quinta-feira na CPMI dos Atos Golpistas do Congresso.
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Edição: Flávia Quirino