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Recomposição

Em ato nacional, servidores públicos criticam proposta de reajuste salarial de 1% do governo

Bancada Sindical vai discutir calendário de mobilizações com possibilidade de greve

Brasil de Fato | Brasília (DF)  |
Servidores federais em ato na Esplanada dos Ministérios - Brasil de Fato DF

Servidores públicos federais promoveram um ato de mobilização, na manhã desta quarta-feira (30), em razão da proposta de reajuste salarial do governo federal, que é representa menos de 1% para 2024. O ato ocorreu na frente do prédio do Ministério da Agricultura e Pecuária em Brasília e contou com a participação de dirigentes de diversos sindicatos e federações sindicais. 

“Ontem (29/08) tivemos uma mesa [de negociação com o governo] e saímos dessa mesa com um resultado muito negativo", afirmou Ivanilda Reis, coordenadora geral da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra). Segundo ela, a proposta do governo não recompõe as perdas e a categoria está mobilizada na construção de uma greve.

Na Mesa Nacional de Negociação Permanente realizada nesta terça-feira (29), o Governo informou que existe espaço orçamentário reservado no Projeto de Lei Orçamentária do Ano de 2024 estimado em cerca de R$ 1,5 bilhão para o reajuste da categoria.

Para o coordenador geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), David Lobão, a proposta foi recebida com surpresa. "Pro reajuste de 2024 se quer dá 1% de reajuste. O governo apresentou pra gente um congelamento dos nossos salários para 2024, uma situação em que os servidores estão com perdas salariais que variam de 35% a 55%, as perdas salariais são muito altas e o governo tenta congelar nossos salários e isso é inaceitável”, afirmou Lobão, que criticou também o novo arcabouço fiscal, que segundo ele é uma lei “nociva” aos interesses dos servidores.

A categoria protocolou em julho um pedido de recomposição salarial que gira em torno de 39%, com pagamento escalonado em 2024, 2025 e 2026. A proposta é para recompor as perdas salariais decorrentes do aumento da inflação e da falta de reajuste salarial dos últimos sete anos. Em março, o Governo Federal concedeu reajuste salarial de 9%, pagos a partir de julho deste ano, mas ainda assim, para a categoria a proposta é considerada insuficiente para cobrir essas perdas.

"Mais de 80% dos servidores públicos federais recebem salários abaixo de R$ 4 mil reais, isso significa que não somos nem privilegiados e nem marajós, somos servidores públicos que necessitamos recuperar nosso poder de compra", observa Lobão.

Também presente no ato, a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS), criticou a proposta do governo. “A perda foi de seis anos de congelamento de salário, estamos falando de estimativas que vão de 30% a 60% a depender do índice inflacionário e vocês estão sentindo isso na pele, pagando aluguel, indo ao supermercado, além da falta de servidores em várias áreas", apontou a parlamentar, que comentou ainda sobre as ameaças de possibilidade da votação da PEC 32, da reforma administrativa.

"Eles querem rebaixar o salário do servidor público, como fizeram com a CLT, com a reforma trabalhista do Temer, só que nós que elegemos Lula para lutar devemos dizer o contrário: tem que revogar a reforma trabalhista, o que tem que ter é um aumento real do salário, uma política que garanta dinheiro para a classe trabalhadora ter mais condições de viver e realimentar a economia", destacou.

Bancada Sindical 

Após a reunião da Mesa Nacional de Negociação, a Bancada Sindical, que representa trabalhadores de diferentes setores do serviço público federal, publicou uma nota em que destacam a “indignação” frente à proposta apresentada pelo governo de recomposição inferior a 1%. A Bancada Sindical é formada pela CUT, CTB, CSB, Força Sindical, UGT, dentre outras representações sindicais. 

“A Bancada ressalta que este valor é considerado insuficiente para suprir a demanda de recomposição salarial necessária para cobrir as perdas inflacionárias enfrentadas pelo funcionalismo público”, destaca trecho da nota.

Com a proposta do governo, a possibilidade de greve não está descartada. Em outro trecho, a bancada sindical aponta que os "representantes sindicais decidiram convocar uma plenária nacional dos servidores públicos para discutir um calendário de mobilização, inclusive com possibilidade de greve".

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Edição: Márcia Silva