Com a narrativa centrada no dia-a-dia de três entregadores por aplicativo em Brasília durante o auge da pandemia da covid-19, o documentário “Da Porta Pra Fora” será lançado no Cine Brasília na segunda, dia 9 de outubro, a partir das 20h, com entrada gratuita.
A obra, dirigida por Thiago Foresti, mostra o cotidiano dos trabalhadores que atravessaram a pandemia fazendo entregas por aplicativo, de norte a sul do Distrito Federal – com este pano de fundo, aborda a exploração do trabalho, a falsa ideia de “autonomia” trabalhista e as mobilizações por melhores condições de trabalho da categoria.
“Eram trabalhadores considerados essenciais, mas que também sofreram muito com a pandemia. Muitos deles eram pessoas que ficaram desempregadas e acabaram procurando esse serviço de entregas”, destaca Foresti, acrescentando que, devido a este cenário, “aconteceu muita coisa durante esse período que a gente retratou”.
Conhecido como Sorriso, o motoboy Alessandro da Conceição, conhecido como Sorriso, confirma este cenário. Um dos principais representantes da categoria no DF e um dos personagens da obra audiovisual, ele afirma que “a nossa profissão gera bastante risco” e que durante a pandemia eram os entregadores que conseguiam “manter a economia”, levando remédios e comida para a população.
Morando numa kitnet na 716 Norte, Foresti ouvia esse movimento: o ir e vir de motos nas ruas ao lado de fora. “Nesse período estava todo mundo dentro de casa, só eles estavam na rua, aí tive a ideia de retratar o cotidiano da cidade por meio desses trabalhadores”, explica o diretor.
Ele passou a sair de casa e abordar estes trabalhadores, contando a ideia do filme. Junto de sua equipe, eles receberam diversos vídeos de acervos pessoais dos motoqueiros e escolhendo as personagens.
“A gente foi fazendo uma seleção de quem falava melhor com a câmera, quem tinha uma história mais interessante, quem estava mais disposto a entrar no projeto”, comenta Thiago.
Marcos Nunes de Sousa, um dos motoboys que teve sua rotina retratada no documentário, diz que participar da produção foi um processo doloroso, emocionante e muito satisfatório.
Durante a gravação, seu pai chegou a ficar um mês internado no hospital, acometido pelo vírus. “Foi muito difícil trabalhar naquele momento, mas se a gente não fosse pra rua, passava fome”.
Outra personagem da obra, Keliane Alves trabalhava como rodoviária e cantora antes da pandemia. Desempregada, se tornou entregadora de aplicativos até sofrer um acidente de moto. “No que eu avisei que tinha sofrido o acidente, eles só falaram para que eu me dirigisse até a central onde ficam os pacotes para devolver os pacotes”.
A falta de ajuda – devido a falta de vínculo trabalhista – foi um dos motivos que a fez desistir dos aplicativos. Ela conta que ficou duas semanas afastada do trabalho e quando voltou para as entregas, “as viagens não estavam mais compensando, aí realmente eu tive que vender a moto”.
Festival de Gramado
Uma das cinco obras escolhidos para o 51º Festival de Gramado, no Rio Grande do Sul, entre mais de 170 produções, o documentário, cuja produção custou R$180 mil, foi exibido pela primeira vez no dia 15 de agosto, uma terça-feira, durante o festival. Também teve exibição da obra durante o MUBI Fest, em São Paulo.
Confira o trailer:
*Com informações de CUT DF e Sinpro DF.
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Edição: Márcia Silva