Distrito Federal

No aluguel

DF tem o menor percentual de moradores com casa própria do Brasil

Especialistas em habitação apontam falta de políticas de habitação na capital

Brasil de Fato | Brasília (DF)  |
Apenas 46,7% dos brasilienses moram em casa própria no DF - Foto: Dênio Simões/Agência Brasília

O Distrito Federal é a unidade da Federação com o menor percentual de pessoas vivendo em casa própria, segundo dados de 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). Apenas 46,7% dos brasilienses moram em casa própria, número bem menor que a média nacional que é de 63,8% ou de estados como Amapá, que é de 79.3%. 

A PNAD Contínua estimou ainda que a Região Centro-Oeste tem o menor índice de pessoas com casa própria, com apenas 51,5%, contra 60,6% do Sudeste, 62,4% do Sul, 71% do Nordeste e 72,7% do Norte.  Entre 2016 e 2022, a PNAD observou uma contínua redução do percentual de domicílios próprios no Brasil e na contramão  um percentual de domicílios alugados. 

Para o geógrafo Thiago Aparecido Trindade, a atual situação de falta de moradia é um reflexo do empobrecimento da população e da falta de políticas dos últimos anos. “A renda do trabalhador teve uma queda muito brusca e paralelamente a isso houve uma diminuição de programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida que foi praticamente cortado pelo governo Bolsonaro e isso tudo dificultou que os trabalhadores de baixa renda adquirirem moradia”, explicou Trindade, que é professor e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB).

“Poucas pessoas estão conseguindo ingressar no mercado habitacional para comparar seus imóveis e por isso estão alugando”, considerou o geógrafo. Trindade defende mais investimentos sociais para auxiliar os trabalhadores de baixa renda, mas destacou que “política de habitação não se faz apenas com programa de casa própria”. Ele também citou o aluguel social como uma política de habitação.

Ao falar especificamente da situação do DF, Thiago Trindade destaca que o fato da crise econômica penalizar os trabalhadores de baixa renda da capital e o fator desigualdade econômica. “Esses dados do DF são a combinação do altíssimo preço dos imóveis e dos terrenos com a queda da renda do trabalhador no período dos últimos 7 anos, com o golpe de 2016, com política de não aumento real do salário mínimo, com muitos casos de Covid e a falta de políticas públicas”.

:: Número de domicílios vazios seria capaz de absorver toda demanda habitacional no DF ::

Já o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST) no DF, Rud Rafael, aponta que o fato de menos de 50% da população ter casa própria mostra o quanto a questão da habitação é central no Distrito Federal. “O DF tem o menor número de moradias próprias, a maior favela do Brasil e você tem 182 mil moradias vazias. Então, é urgente que haja uma política de moradia, principalmente para quem mais precisa”, defendeu. 

O coordenador do MTST também lembrou que apesar de Brasília ter sido planejada, esse planejamento não foi acompanhado de uma política habitacional que garantisse moradia aos trabalhadores da capital, principalmente os mais pobres. “Você tem uma dinâmica de segregação de quem trabalha, de quem vive e constrói essa cidade e a crise da moradia hoje é uma realidade e precisa ser enfrentada com políticas públicas”, acrescentou Rud Rafael.  

Governo

Em nota, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab) informou que, atualmente, o governo do DF conta o programa Morar Bem, que é voltado para famílias com renda bruta de até 12 salários mínimos. “A proposta é ofertar moradias com infraestrutura urbana, como abastecimento de água, esgoto sanitário, energia elétrica, iluminação pública, instalações telefônicas, redes de drenagem de águas pluviais, pavimentação asfáltica e equipamentos públicos, como escolas, postos de saúde e de polícia”, informou a nota.

A Codhab citou ainda que os empreendimentos em andamento são: Parque (Itapoã), Residencial Horizonte (Sol Nascente) e Reserva do Parque (Recanto das Emas). A Companhia também informou que possui outros projetos, em parceria com as entidades habitacionais, nas regiões administrativas de Samambaia, Riacho Fundo II, Recanto das Emas e Ceilândia.

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Edição: Márcia Silva