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Circulá - dica daqui pracolá

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"E a cada plateia ergue uma plantação de histórias de Dicas e projetos de Repúblicas dos Anjos" - Divulgação Cia Burlesca
É um presente ir para tantos cantos narrar as ideias comunitárias da República dos Anjos.

Fazer as malas, carregar as cases com cenários, confirmar as passagens. Saímos os cinco, do DF, de São Paulo e da Bahia rumo a Natal. Além das quatro cases com seus 14 a 22 kilos, violino e violoncelo. Fomos em bando, os cinco mais os bonecos. Nós e nossos materiais de trabalho, matérias carregadas de histórias.

A Dica, nossa madrinha Dica, é a responsável por essa reunião.

Foi ela que nos levou pra vários cantos, do Goiás, São Paulo, Maranhão, Rio Grande do Sul, Bahia e Paraíba. Pois, pronto! Como dizem nossos parceiros potiguar. Vendo esse trajeto, o grupo pensou no “Circulá - Dica daqui pracolá” pra alcançar mais três estados: Rio Grande do Norte, Pernambuco e Ceará.

Semear a história dessa liderança por todos os cantos desse Brasil é tarefa feita com muito carinho. Na verdade, é um presente pra Cia Burlesca ir para tantos cantos narrar as ideias comunitárias da República dos Anjos. Pois quem semeia vê nascer. E a cada plateia ergue uma plantação de histórias de Dicas e projetos de Repúblicas dos Anjos.

A esperança brota nesses encontros ao depararmos com pessoas, camaradas que plantam os mesmos sonhos no agora.

Logo após uma apresentação, um contador de histórias nos disse que potiguar significa “comedor de peixe”. Contou também que naquelas terras, tem muitas histórias de Dicas.

Foi o primeiro estado do Brasil a legalizar o voto das mulheres com a forte contribuição de luta da bióloga Bertha Lutz. Também foi o primeiro estado a ter uma mulher ocupando um cargo público, Alzira Soriano. E tantas outras como a heroína indígena (palavras que parecem sinônimos) Clara Camarão e a educadora e poetisa Nísia Floresta.

Já são mais de cem anos que nos separam da história revolucionária de Santa Dica. Mas é essa história que faz a gente balançar com outras histórias que se juntam num infinito cordão de bandeiras.

Tivemos todo o carinho dos nossos parceiros do grupo Pau e Lata que articulou cada passo que demos por lá. Apresentamos para um grupo da juventude rural da Federação dos Trabalhadores Rurais do Rio Grande do Norte (FETARN) e essa mesma galera fez cenas potentes na oficina de teatro, é sempre um prazer dar aula e receber ensinamentos.

Depois apresentamos no auditório do Centro de Educação da UFRN para turmas de pedagogia que vibraram e levantaram mais um tanto de histórias de luta do nosso povo brasileiro. Pois essa galera também fez oficina no dia seguinte e mais cenas e debates surgiram. O teatro dando chão para os nossos encontros.

Finalizamos as andanças por Natal com a apresentação no projeto Arboriza da UFRN. Fomos recebidas por Roberio Paulino que parecia um São Francisco das plantas, tamanho o seu carinho e cuidado com cada muda. Era dia de mutirão para multiplicar as mudas que serão adotadas. Adotadas porque é vida e exige cuidado para mantê-las. 

Essa apresentação de número 150 vai ficar na nossa memória. Em meio a 40 mil mudas de árvores, às pessoas que esperançam em mutirões, ao som de violino, violoncelo e até flauta transversal, a Dica se fez presente, todas as pessoas viveram juntas a sua história.

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*A Cia Burlesca é uma companhia de teatro político do Distrito Federal.

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato DF.

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Edição: Márcia Silva