Distrito Federal

Fazia cultos

“Minha participação no QG era missionária”, diz Major em depoimento na CLDF

Durante transmissão da CPI, um usuário fez ameaça ao deputado Gabriel Magno, caso será investigado

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Major da PM Cláudio Mendes dos Santos está preso desde março - Rinaldo Morelli / Agência CLDF

Durante o penúltimo depoimento, a CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) ouviu o major da Polícia Militar Cláudio Mendes dos Santos, que é apontado como um dos principais líderes do acampamento golpista em frente ao QG do Exército em Brasília. Apesar de vídeos mostrarem o major, convocando os apoiadores do ex-presidente Bolsonaro a “encherem as ruas” após o resultado das eleições, ele negou colaboração na tentativa de golpe do dia 8 de janeiro. 

“Eu aparecia lá para fazer os cultos. Não ensinei técnicas de guerrilhas a ninguém, porque eu não recebi essa instrução na minha formação de policial militar. Nenhum policial militar sabe fazer isso”, afirmou Cláudio Santos, que está preso desde março e é acusado de ter treinado os golpistas no acampamento do QG de Brasília. “Minha participação no QG era missionária”, acrescentou ele. 

O presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), questionou o depoente sobre a participação na relação dos membros do Exército com os golpistas no acampamento. “Se alguém tivesse chegado lá e falado que sai daqui agora todo mundo teria saído”, respondeu o major Cláudio, destacando que havia uma relação de proximidade entre os militares e os golpistas no acampamento. 

Chico Vigilante ainda criticou o depoente por dizer que não tinha nenhuma relação com os crimes de resposta, uma vez que existem os vídeos e que foram apresentados. Para o distrital, os movimentos no QG do Exército tinham caráter golpista: “O senhor estava conclamando as pessoas a não reconhecerem o resultado das eleições, pedindo golpe”. 

Durante as perguntas do deputado Fábio Félix (PSOL) , o major Cláudio voltou a negar toda responsabilidade sobre a preparação dos atos do dia 8 com a justificativa de que não estava em Brasília na data da invasão dos prédios públicos. “Existia gente incitando. O ex-presidente da república não reconheceu o resultado e estava o tempo todo incitando atos violentos como este”, concluiu Félix. 

Alvo de ameaça

O deputado Gabriel Magno (PT) também fez perguntas ao depoente, inclusive sobre a relação dos golpistas com o Exército e criticou a postura de um setor das Forças Armadas, que segundo ele foram “cooptados” pelo bolsonarismo. Durante a transmissão da sessão no YouTube um internauta, identificado como Sérgio Ribeiro Escobar, fez ameaças à vida de Magno no bate-papo da transmissão. 


Gabriel Magno no Plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal/ Carlos Gandra/CLDF

“Durante minha fala na CPI dos atos golpistas, Sérgio Ribeiro Escobar diz que eu mereço paredão (fuzilamento). Vamos tomar todas as medidas necessárias contra essa tentativa criminosa de ataque à democracia e silenciar nosso mandato”, afirmou o deputado.

O presidente da CPI informou que um inquérito será aberto e que a pessoa que fez as ameaças responderá pelos atos. Outros deputados, principalmente os progressistas, já receberam ameaças por este bate-papo e os casos estão sendo investigados.

CPI dos Atos Antidemocráticos 

A Comissão cumprirá sua última oitiva no dia 16 de novembro, momento em que será ouvido o Coronel Reginaldo Leitão. O relator da CPI, deputado Hermeto, afirmou que ainda em novembro o relatório final da Comissão estará pronto e poderá ser apreciado pelos demais membros.

:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato DF no seu Whatsapp ::

Edição: Flávia Quirino