Distrito Federal

Contra o Genocídio

DF: caminhada reúne centenas de pessoas em solidariedade ao povo palestino no Eixão

Ato faz parte da agenda de atividades do Comitê de Solidariedade à Palestina no DF

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Na foto, a professora Berenice Bento marcha junto à caminhada em solidariedade à Palestina - Camila Araujo

Sob um sol de 30ºC, centenas de manifestantes caminharam em solidariedade à Gaza e ao povo palestino em Brasília na manhã deste domingo, 12. Organizada pelo Comitê de Solidariedade à Palestina do Distrito Federal, a manifestação se deslocou da altura 108 e 112 no Eixo Rodoviário de Brasília, o Eixão, com encerramento por volta das 11h30.

Presente no ato, a professora de Sociologia da Universidade de Brasília (UNB) Berenice Bento considera “expressar solidariedade incondicional ao povo palestino” como um “dever ético e moral” com a humanidade.

“Quantos mais corpos amontoados é preciso para que as pessoas se solidarizem?”, questionou, afirmando que as ruas deveriam ter muito mais pessoas protestando diante do genocídio.

Berenice considera ainda insuficiente as ações e declarações do Governo Lula diante do massacre na Palestina. “É preciso romper relações diplomáticas imediatamente com Israel, rompendo como consequência acordos de compras de armas”, declarou.

No último dia 18 de outubro, quando o mundo assistia há 11 dias o massacre perpetrado por Israel, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 554/21, que fala sobre o acordo entre Brasil e Israel por “cooperação em segurança pública, prevenção e combate ao crime organizado”. A proposta, que será enviada ao Senado, teve voto contrário apenas do PSOL.

“Quantos corpos Lula está esperando para definir uma posição política justa e correta com o rompimento das relações diplomáticas com Israel?”, questionou Berenice.

Palestino nascido no Iraque, Jamal Mustafa está no Brasil há 17 anos e conta que participou da manifestação pois não gosta de “assistir Israel matando crianças em Gaza” pela televisão.

Morador de São Sebastião e com cidadania brasileira, Jamal diz ainda que seus pais se tornaram refugiados no Iraque após o “Nakba” de 1948, quando 750 mil pessoas foram expulsas das suas casas, para nunca mais regressarem, após a Assembleia Geral da recém-criada Organização das Nações Unidas (ONU) adotar um Plano de Partilha do território palestino.

O “Nakba”, que em árabe significa “catástrofe”, está na origem do estado sionista de Israel. Para os palestinos, o que está acontecendo agora na Palestina, mas sobretudo em Gaza, parece uma repetição do Nakba –  mais de 2 milhões de pessoas são forçadas a sair em meio à violência massiva israelense.

Frente a isso, atos em solidariedade à Palestina se espalham pelo país. No ato deste domingo em Brasília, o assessor parlamentar do PSOL Pedro Charbel destacou a importância da adesão ao Movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS).

Lançado em 2005 pela sociedade civil brasileira, o BDS é uma campanha global que preconiza a prática de boicote econômico, acadêmico, cultural e político ao estado de Israel, além da imposição de sanções e do incentivo ao desinvestimento, com os objetivos de acabar com a ocupação dos territórios palestinos.

“O pedido dos palestinos para o povo brasileiro são campanhas concretas de solidariedade que vão além de falas fortes e vídeos”, destacou, acrescentando que é preciso fortalecer comitês de solidariedade pelo país, ocupar as ruas e desnaturalizar o genocídio e o apartheid.


Manifestantes pedem cessar-fogo imediato e fim da ocupação do território palestino / Camila Araujo

Brasileiros saem de Gaza

Durante o ato, as e os manifestantes presentes também comemoraram a liberação dos 32 brasileiros e palestinos que estavam na Faixa de Gaza esperando para entrar no Egito.

Foram 12 dias de espera desde que os primeiros estrangeiros e familiares que estavam em Gaza começaram a ser autorizados a sair do território.

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“O grupo de 32 pessoas já se encontra em território egípcio, onde foi recebido por equipe da embaixada do Brasil no Cairo, responsável pela etapa final da operação de repatriação”, informou o Itamaraty em comunicado às 5h41.

Acompanhado pelo Governo Federal, o grupo ainda precisou esperar dois dias desde que seus nomes constaram na lista de pessoas autorizadas por autoridades egípcias, israelenses e palestinas para cruzar a fronteira entre Gaza e Egito, no Portal de Rafah.

A lista original constava de 34 nomes, mas de acordo com o comunicado, duas pessoas desistiram da repatriação e decidiram permanecer em Gaza.

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De acordo com o Itamaraty, há uma previsão para o grupo sair do Egito, rumo ao Brasil, nesta segunda-feira (13), em voo partindo de Cairo, capital egípcia. As 32 pessoas devem ser acompanhadas por diplomatas brasileiros enquanto aguardam a viagem ao Brasil.

Caminhada na UnB

Na terça-feira (14), às 11h30, acontece uma passeata na Universidade de Brasília, no Ceubinho, também em solidariedade ao povo palestino. A atividade é realizada pelo Comitê e Diretório Central dos Estudantes.

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Edição: Flávia Quirino