Distrito Federal

Sem participação

Professores e alunos da UnDF fazem paralisação por gestão democrática na universidade

Sindicato aponta que gestão é composta por comissionados e servidores sem relação com a instituição

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Alunos e professores protestaram na frente do Palácio do Buriti - SindUnDF

A recém criada Universidade do Distrito Federal Professor Jorge Amaury Maia Nunes (UnDF) deu início às aulas dos seis cursos abertos em julho deste ano a partir da convocação de 80 docentes. No entanto, professores e alunos têm criticado a falta de participação da comunidade acadêmica nas decisões da universidade e por isso paralisaram as atividades para um ato em frente ao Palácio do Buriti no dia 14 de novembro.

As mobilizações foram chamadas pela Seção Sindical dos Docentes da Universidade do Distrito Federal (SindUnDF) e ocorreram durante todo o dia, sendo marcada outra paralisação para a próxima quinta-feira (23). O SinDUndf aponta como falta de gestão democrática da universidade a ausência de docente na gestão universitária, uma vez que a maioria dos cargos de gestão são ocupados por servidores comissionados ou quadros da Secretaria de Educação. O Sindicato também aponta para a falta de autonomia docente e o não respeito de direitos básicos para os discentes, como os auxílios.

“Sem a gestão democrática que é o pilar das universidades públicas no país, não há, basicamente, legitimidade no funcionamento institucional. Tememos muito que a UnDF funcione como propaganda política e cabide de empregos”, destacou a professora Kíssila Mendes, vice-presidenta da seção sindical. Ela cobra, sobretudo, a valorização dos docentes, um conselho universitário que funciona de acordo com a legislação brasileira para as universidades. 

De acordo com a vice-presidenta, apesar de recém criado, o sindicato já conta com a adesão de mais de 70% do corpo docente da UnDF e eles estão buscando diálogo com a instituição e também com os outros poderes. “Já tivemos diversas agendas na câmara legislativa, defensoria pública e ministério público denunciando as inúmeras irregularidades da UnDF”, acrescentou  Kíssila.

O estudante Luiz Lízio, do curso de Serviço Social UnDF, considera importante apoiar a demanda por autonomia, pois é um princípio básico e essencial para uma Universidade e por isso ele e outros discentes participaram do ato em frente ao Buriti. “Não apenas pela questão da gestão de recursos públicos que deve considerar as várias realidades de Docentes e Discentes, como também como ambiente que deve se orientar à produção intelectual, desenvolvimento social e integração científico-profissional do DF com o Brasil e com o Mundo”, avaliou o estudante. 

Para Luiz Lízio existe a atual gestão da Universidade do Distrito Federal tem se mostrado “incapaz” de oferecer condições básicas de permanência estudantil. “É preciso autonomia para que aquelas e aqueles que de fato construirão da vida acadêmica da Universidade tenham não apenas voz, como principalmente participação ativa e poder decisório ao definir os rumos da instituição”, acrescentou o estudante que integra a representação provisoriamente do Centro Acadêmico (CA) do curso de Serviço Social. 

Na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) o deputado Fábio Felix (PSOL) já fez um ofício pautando as demandas que o sindicato e os estudantes levantaram que foram  encaminhadas para o Ministério Público do DF e a Defensoria.

“Estamos em contato com a diretoria e estudantes. A ideia é fazermos uma Audiência Pública para discutirmos esses problemas”, acrescentou Felix, destacando que a questão dos alunos da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) também devem ser discutidas nessa Audiência. 

Estudantes

Os alunos dos cursos de Enfermagem e Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) enfrentam problemas específicos, pois a instituição teve seu credenciamento junto ao Conselho de Educação do Distrito Federal vencido em agosto e aguarda pela conclusão de sua unificação com UnDF. 

A situação tem deixado os alunos desses cursos com muita insegurança e preocupação, conforme relata o estudante Zayan Kevin 1º secretário do CA do curso de Enfermagem. “A gente que entrou na escola enquanto ESCS, a gente também gostaria de deixar a escola enquanto aluno da ESCS. A gente acreditava que esse processo de unificação com a UnDF não se daria da forma que está ocorrendo. Foram pouquíssimas consultas com docentes e discentes da ESCS e tudo vem de cima para baixo”, analisou Zayan. 

O representante do CA de Enfermagem também criticou a falta de diálogo da gestão da UnDF com os alunos da ESCS. “O diálogo é quase inexistente. Praticamente não existe diálogo entre o que a escola [ESCS] precisa. A reitoria não conhece a escola. Nunca foi ver que tipo de estrutura a gente precisa e que tipo de estrutura a gente utiliza”, avaliou Zayan.  

Em nota publicada no site, a UnDF informou que a criação da UnDF não afetou nem afetará a continuidade da oferta de ensino dos cursos de Enfermagem e Medicina.

“Os cursos de Enfermagem e Medicina, no âmbito da ESCS/UnDF, mantêm atos válidos de reconhecimento até julho de 2024, conferidos pelo Conselho de Educação do Distrito Federal – CEDF/SEEDF”, destacou a nota. O Brasil de Fato DF também entrou em contato com a assessoria de imprensa da UnDF para comentar as críticas sobre a falta de participação, mas a instituição não respondeu.

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Edição: Márcia Silva