Os aprovados do concurso Polícia Civil do DF (PCDF) realizado em 2019 fizeram um protesto nesta terça-feira (21), na porta da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).
De acordo com informações da Comissão de aprovados e do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), existe uma expectativa de nomeação de apenas 300 aprovados em 2023, apesar de uma previsão orçamentária de 900 convocações para este ano.
“Eu sou de Salvador e mudei pra Brasília em maio para o Curso de Formação, que acabou em julho e estamos até agora aguardando. Já são quatro anos de desgaste, depois da aprovação nesse concurso”, desabafou Jeferson Aragão, que integra a comissão de aprovados.
Segundo ele, a informação extraoficial repassada é que o governo do Distrito Federal (GDF) deve convocar apenas 300 este ano, apesar de quase 2 mil aprovados terem feito o curso para policial ou escrivão da Polícia Civil.
“A própria polícia civil solicitou para a gente exames admissionais. Nós gastamos mais de 2 mil reais para fazer esses exames e já mandamos todos os documentos solicitados para a posse, que nunca aconteceu”, relatou Jeferson. Segundo ele, muitos aprovados se mudaram para Brasília ou largaram seus empregos, tendo recebido bolsas apenas durante o curso de formação, pois tinha a confirmação por parte do GDF que seriam convocados após o treinamento.
De acordo com o deputado distrital Chico Vigilante (PT), o Distrito Federal precisa de mais policiais e escrivães para funcionar. “Eu espero que o governador resolva essa questão e nomeie os 900 aprovados, como está previsto no orçamento deste ano. Apenas 300 não é suficiente para fazer a investigação voltar a funcionar”, advertiu Vigilante.
Sem investigadores
De acordo o Sinpol, existe uma demanda superior a 2 mil aprovados que fizeram o curso de formação para um funcionamento adequado das delegacias do Distrito Federal.
O presidente do Sindicato, Enoque Venancio de Freitas, defende a nomeação dos 900 aprovados, conforme a previsão orçamentária de 2023 e a convocação do restante no início do ano que vem para um funcionamento “razoável” das delegacias e dos casos de investigação.
“Nós não temos investigadores dentro da Polícia Civil. Isso porque os crimes vão acontecendo e eles não vão sendo apurados e a sensação de insegurança passa a ser bem maior”, relatou Enoque. “Por exemplo, hoje os crimes da [Lei] Maria da Penha vão acontecendo e os policiais não estão saindo para apurar aquela questão da violência doméstica e isso está gerando o aumento no feminicídio”, acrescentou o presidente do Sinpol.
De acordo com dados do Painel de Feminicídio, apesar do ano não ter acabado, 2023 já bateu recorde de número de vítimas de homicídios contra mulheres em razão do gênero desde que o levantamento começou a ser feito no Distrito Federal - foram 30 feminicídios.
O Brasil de Fato DF entrou em contato com a SSP/DF para comentar o assunto, mas até o fechamento desta matéria a Pasta não havia respondido.
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Edição: Flávia Quirino