Com o tema “Arte surrealista e cultura drag” foi lançado, nesta quarta-feira (22), o Calendrag 2024. O evento de celebração da cultura LGBTQIA+ organizado pelo Distrito Drag aconteceu no Museu Nacional, com performances artísticas e premiações.
“Quem diria que chegaríamos nesses sete anos de calendário, de arte e cultura de resistência? Porque nós estamos falando da nossa comunidade, que tem como um dos marcadores a violência, mas o Calendrag mostra que somos arte e potência”, comemorou Ruth Venceremos, diretora do Distrito Drag.
Desde a primeira edição, lançada em 2018, foram retratadas no calendário mais de 107 artistas transformistas. Na edição deste ano, cada mês traz a recriação de uma obra de arte surrealista, com curadoria de Christus Nóbrega.
Na capa, a artista e cantora Gal Maria dá vida a um autorretrato de Frida Kahlo de 1943. “Eu realmente estou muito comovida por estar aqui hoje estampando não só a capa do calendário, mas poder contar essa história de sobrevivência e renascimento”, afirmou.
Após sofrer um episódio de violência transfóbica, a artista passou quase 30 anos “com a Gal Maria guardada no fundo do armário, vestindo uma fantasia masculinizada para poder sobreviver”. Em 2022, com apoio da mãe, a cantora se assumiu como uma mulher trans.
Anualmente, o valor arrecadado com a venda do Calendrag é destinado à projetos sociais. Neste ano, porém, o ganho será empregado na expansão do próprio Distrito Drag, que realiza ações de formação, sociais e de cultura.
“É um projeto fundamental porque demonstra sobretudo a coletividade e o senso de compromisso que temos entre nós”, comemorou Bruna Benevides, secretária de Articulação Política da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), uma das instituições que já foram beneficiadas com a arrecadação do Calendrag.
O projeto foi apoiado pelo Conselho Regional de Psicologia do DF, Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), Sindicato dos Bancários e Brasil de Fato DF.
“São 7 anos em que viemos fortalecendo não só a cultura drag queen mas fazendo discussões importantes de temas relevantes para o conjunto da sociedade”, afirmou Ruth Venceremos. O Calendrag busca trazer um olhar sobre a arte a partir de uma “perspectiva política e da capacidade da gente sonhar novos mundos”, completou.
A secretária Nacional dos Direitos da População LGBTQIA+ do Ministério dos Direitos Humanos, Symmy Larrat destacou a importância da publicação. "O Calendrag é uma grande potência e sobretudo o que vocês fizeram esse ano de dizer: 'é arte, nós vamos nos inspirar nessa arte para fazer arte'. Essa mensagem é muito importante e coloca a gente num lugar onde querem que a gente não ocupe, mas que vamos ocupar e dizer é arte sim".
No palco do auditório, o lançamento do Calendrag recebeu as performances das drag queens Carrie Myers, Ginger Mc.Gaffney, Licorina Imperia e Linda Brondi.
Locais de venda
O calendário custa R$ 50 reais e acompanha 13 cartões postais com as fotos dos 12 meses. Em Brasília, a publicação está disponível nos seguintes locais:
Sede do Distrito Drag
Setor Comercial Sul, Quadra 2, Bloco C 7º andar - Edifício Jamel Cecílio
Santo Bataclan - 307 norte
Encontro a Mineira - 714/715 norte
Buteco Encontro - 206 Norte
Lah no Bar - 413 Sul
Calendrag 2024
A direção artística do Calendrag 2024, que tem na capa uma das pioneiras da arte transformista no DF, a cantora Gal Maria, é assinada por Christus Nóbrega, Victor Baliane, Nágila GoldStar e Mary Gambiarra e a direção geral é de Ruth Venceremos e Thiago Sabino. A arte surrealista, presente no tema desta edição, foi trabalhada pelos fotógrafos Pedro Lacerda, George Lucas, Junior Telles, Alex Santana, Thiago Sabino, Yago Moreira e Junior Telles.
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Edição: Márcia Silva