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Quais os desafios da Luta Antirracismo na Universidade?

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20 de novembro marca não apenas a memória dessas lutas, mas sobretudo os avanços que ainda precisam acontecer, tendo em vista onde estão localizadas as pessoas negras na sociedade brasileira. - Agência Brasil
É preciso transformar e reconstruir a Universidade como um espaço promotor de todos os direitos

Conforme os registros históricos, em 20 de novembro de 1695 o líder Zumbi dos Palmares foi assassinado, após uma longa trajetória de organização e resistência coletiva no maior e mais conhecido quilombo do país, localizado na Serra da Barriga, em União dos Palmares no estado de Alagoas.

Após os adventos da Frente Negra Brasileira e do Teatro Experimental do Negro, na década de 70, o movimento negro denuncia que no Brasil não existe democracia racial e que a abolição não aconteceu de fato, sendo necessária a continuidade das pautas abolicionistas, tendo em vista os indicadores que apontam a população negra como protagonista no setor mais subalternizado da sociedade brasileira.

A ideia de que uma princesa salvou e libertou a população negra é refutada com veemência pelo movimento negro que, inclusive se opõe ao 13 de maio como data representativa. Afinal, a ideia de uma suposta passividade nos anos de escravização do povo negro no Brasil não é aceita, são inúmeros os registros de resistência e luta contra a escravidão, Quilombo dos Palmares é um desses exemplos, assim como outras resistências quilombolas, os levantes por libertação e posterior a luta abolicionista.

20 de novembro marca não apenas a memória dessas lutas, mas sobretudo os avanços que ainda precisam acontecer, tendo em vista onde estão localizadas as pessoas negras na sociedade brasileira.

Recente estudo apresentado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), sobre “A Inserção da população negra no mercado de trabalho” aponta que são mulheres e homens negros a maioria entre desempregados e no trabalho informal. Portanto, sem direitos trabalhistas.

O documento aponta que, embora, a população negra represente 56,1% em idade de trabalhar, “os negros ocupavam apenas 33,7% dos cargos de direção e gerência”. Entre os desocupados, 65,1% eram negros. O estudo também destaca que 16% das mulheres negras do país atuam como trabalhadoras domésticas. “Os negros ganhavam 39,2% a menos do que os não negros, em média. Em todas as posições na ocupação, o rendimento médio dos negros é menor do que a média da população”, indica outro trecho do estudo.

Em outro cenário, a publicação “Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apresentado em novembro deste ano, mostra que as mulheres negras são as maiores vítimas de todos os tipos de violência física e as maiores vítimas também de feminicídio. São elas também, as maiores vítimas de mortalidade materna no país. Sem direito à vida e à saúde.

Na esfera da Educação, no Ensino Superior, discentes e docentes negras e negros são ainda uma minoria, registros apontam que na Universidade de Brasília, docentes negros representam cerca de 7% de todo o quadro. Apesar do avanço proporcionado pela implementação das cotas raciais, os espaços para acesso e permanência de pessoas negras na Universidade são desafios ainda atuais e que precisam ser encarados com a implementação de medidas socioeconômicas.

Extensão da sociedade, a Universidade não está imune às situações de racismo, misoginia, lgbtfobia. No entanto, é nesse espaço que se preconiza a transformação social, aliada e amparada nas lutas populares antirracistas e por uma sociedade livre de desigualdades e injustiças.

A luta antirracismo se dá ou pelo menos deve acontecer em todos os espaços da sociedade e também na Universidade.

Portanto, é preciso transformar e reconstruir a Universidade como um espaço promotor de todos os direitos. Isso se dará com a ampliação do acesso, com educação antirracista e principalmente, alicerçada em valores democráticos e com igualdade de oportunidades.

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*Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB - S. Sind. do ANDES-SN)

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

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Edição: Márcia Silva