Distrito Federal

Poesia na Quebrada

Coletivo lança livro sobre Literatura Marginal no DF nesta quinta (21), em Planaltina

Evento conta com a participação de Atitude Feminina, Vera Veronika, Raffa Santoro, Markão Aborígine; entrada é gratuita

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Projeto é fruto de pesquisa e coordenado por realizadores culturais, ativistas e escritores de bairros periféricos do DF - Foto : bianasbatlhas

Uma parceria do Festival Poesia na Quebrada com o Núcleo de Estudos, Organização e Difusão do Conhecimento Sobre Literatura Marginal (Neolim) da Universidade de Brasília lança na quinta-feira (21) o livro “Vozes e Escritos do Gueto: Trilhas e Trajetórias da Literatura Marginal no Distrito Federal”. O lançamento acontece às 19h30, no Complexo Cultural de Planaltina, com distribuição gratuita do livro.

O projeto é fruto de pesquisa e coordenado por realizadores culturais, ativistas e escritores de bairros periféricos do DF. Além da apresentação do livro, o festival terá presenças marcantes de representantes da cultura de rua local, como Vera Veronika (pioneira do rap feminino em Brasília), Atitude Feminina junto com o lendário Dj Raffa Santoro, e Markão Aborígene. O evento também vai contar com a arte da grafiteira de Planaltina Red Lion e com a poesia de Emerson Franco, Mayrla Silva e Rodrigues Marion.

A professora de Ciências Naturais, Ravena Carmo, é coordenadora geral do Coletivo Poesia na Quebrada desde 2015. Ela explica que são poucos os registros sobre literatura marginal no DF.

“Então, toda vez que a gente ia escrever um projeto, durante a busca de referências na literatura e bibliografias, não encontrávamos. Não tinha como se informar sobre isso aqui no DF. Então, nós resolvemos escrever esse projeto de pesquisa para ecoar essas vozes, para deixar registrado quem foram os percussores, onde isso acontece, o que é literatura marginal a partir do olhar de quem produz essa literatura. É importante destacar que essa pesquisa tem um recorte dentro da cultura Hip-Hop, então nós fizemos essas vozes e escritos, essas trilhas e trajetórias dentro da ótica da cultura Hip-Hop no DF”.

Segundo a educadora, a literatura da periferia distrital surge da segregação espacial tão demarcada no território. “Quando se fala em literatura marginal, pensamos em uma literatura que está fora do cânone. Uma literatura que muitas vezes não é nem reconhecida pela própria universidade. Mas que a gente também começa a quebrar esses paradigmas ao adentrar na Universidade e fundar esse grupo de estudos. Então, tratamos a marginalidade de uma forma não pejorativa dentro da nossa pesquisa. A literatura marginal está totalmente envolvida com o território e potencializa esses territórios que não estão dentro do centro da cidade. Abordamos essa segregação, mas de uma forma que nos coloca em ascensão, não como aquilo que nos exclui”, ressalta Ravena Carmo.

Sobre o lançamento do livro, ela acrescenta ainda que a programação conta com as pessoas que foram entrevistadas para o livro. “Entrevistamos muita gente legal aqui no DF e produtores de literatura marginal de lugares que potencializam essa literatura, de batalhas de rimas, de slams, de sarau. Tentamos aglomerar tudo que envolvesse o Hip-Hop dentro desse livro. E o resultado são 230 páginas de pura literatura periférica, de pesquisadores da quebrada, de pesquisadores orgânicos que vivem e produzem a literatura marginal aqui no DF”, destaca.

Transformação social


Educadora, Ravena Carmo coordena projeto / Foto: bianasbatlhas

Ravena Carmo é conhecida por seu trabalho como professora e ativista. Em setembro ela recebeu o prêmio FAC Cultura Mulher, oferecido pelo Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (SECEC-DF) que reconhece a importância de agentes culturais mulheres e entidades que atuam no enfrentamento à violência contra a mulher e pela transformação social com base na emancipação feminina.

A projeção da educação social aliada à literatura periférica e todos os elementos do movimento Hip-Hop fazem parte de seu trabalho desde o início. A inspiração para o trabalho surge da relação com a juventude suburbana e os problemas sociais derivados da vulnerabilidade e como isso pode ser revertido em arte consciente e protesto. “Sabemos muito bem que a literatura é um espaço de poder. E, através dessa literatura, a gente também usa para o nosso favor, para que nossas vozes se ecoem, para que a gente possa denunciar, através dos nossos textos, com as nossas licenças poéticas, o que acontece no dia-a-dia das vidas dos nossos jovens e adolescentes”, destaca Ravena.

“Vozes e escritos do Gueto” é o segundo livro de Ravena Carmo e do coletivo Poesia na Quebrada no ano de 2023. No mês de julho já havia sido publicado "Quebrada Livre", que é um livro exclusivo para o sistema socioeducativo e que expõe um conteúdo de denúncia.

“Publicamos porque, se eles [egressos no sistema socioeducativo] estão falando disso, se o que eles querem falar é sobre violência, é aí que o Hip-Hop tem que estar. Então a literatura marginal é o que move o nosso projeto dentro das periferias, porque temos que ir além do uso estético da palavra escrita, só a palavra não dá conta da literatura marginal. Ela envolve a arte, as imagens, o grafite, os movimentos corporais. E, através desses livros, produzindo um livro físico que você pegar e sentir, e que, é importante frisar, é materialidade dele. Tem o nome deles lá. Isso é uma ascensão para nós. E esse livro eu tenho certeza que é uma vitória para o patrimônio imaterial do Distrito Federal”, afirma Ravena Carmo.

Programação lançamento Vozes e Escritos do Gueto

19h30 - Vera Veronika

19h40 - Markão Aborígine

20h - Apresentação Neolim

20h30 - Lançamento do livro

21h40 - Poesia com Emerson Franco, Mayrla Silva e Rodrigueis Marion

22h Atitude Feminina e DJ Raffa Santoro

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Edição: Márcia Silva