No dia 15 de janeiro o estudante Matheus Lima procurou o atendimento na UPA de Brazlândia e a médica que o atendeu percebeu que seus sintomas eram de dengue. Esse foi apenas um registro dos cerca de 17 mil casos prováveis de dengue no Distrito Federal nas três primeiras semanas do mês de janeiro, conforme o boletim epidemiológico divulgado nesta terça-feira (23) pela Secretaria de Saúde.
“O atendimento que tive não tem como falar que foi um dos melhores, pois o sistema de atendimento muito lento. As duas vezes que precisei ir na UPA [de Brazlândia] passei o dia lá para conseguir ser atendido”, narrou Matheus Lima, que se recuperou da doença, mas destacou a demora que teve para ser atendido em razão do sistema de atendimento público do DF está muito cheio, por causa da explosão dos casos de dengue.
De acordo com o boletim epidemiológico, nas três primeiras semanas de janeiro deste ano já ocorreram três óbitos, em pacientes do sexo masculino, das faixas etárias de 5 a 9 anos, 40 a 49 anos e 70 a 79 anos. No total, foram notificados 17.150 casos suspeitos de dengue, dos quais 16.628 eram prováveis e 96,6% residentes no DF. Os demais casos eram de Goiás (515), Minas Gerais (10), Bahia (4) e RJ (3).
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O aumento de casos chega a 646,5% no Distrito Federal numa comparação com o mesmo período do ano anterior. De acordo com o informe semanal do Ministério da Saúde, divulgado em 17 de janeiro, o Brasil está próximo de bater o recorde de casos de dengue e no Centro-Oeste o DF registra mais casos, apesar de ter uma população um pouco menor que a do Mato Grosso e menos da metade dos habitantes do Goiás.
Faltou de Planejamento
De acordo com a deputada distrital Dayse Amarílio (PSB), que é autora da criação da Frente Parlamentar em Defesa do Sistema Único de Saúde no Distrito Federal, não houve planejamento por parte do GDF para enfrentar o problema da dengue. “Nós também precisamos entender que a dengue é algo que acontece todo ano. Então, a gente precisa se preparar e para se preparar a gente tem que ter equipes nas áreas mais vulneráveis e agentes comunitários de saúde”, analisou a deputada.
“As portas da UPAs estão lotadas, porque essas unidades já enfrentam uma dificuldade de rodízio de leitos, além do problema que a gente já vinha apontando que o déficit de servidores em áreas muito específicas, que iria gerar um problema muito maior”, acrescentou Dayse, destacando que existe um déficit grande de servidores em todas essas áreas relacionadas a saúde desde a pandemia da Covid 2019, o que têm impedido o funcionamento da atenção primária, que é fundamental para a prevenção da dengue. “Precisamos de mais servidores”, acrescentou a deputada.
Em nota, a Secretaria de Saúde apresentou as ações que estão sendo desenvolvidas no DF para o enfrentamento da dengue e ressaltou que todas as regiões brasileiras estão apresentando aumento de casos da doença nas últimas semanas. O Brasil de Fato DF questionou sobre a carência de profissionais de saúde, mas a pasta não respondeu essa demanda.
“Recebendo ações intensificadas nas últimas semanas, com aumento de visitas domiciliares, eliminação de criadouros, aplicação de pastilhas larvicidas nos depósitos em que são encontradas as larvas, aplicação de UBV Costal e UBV pesado (fumacê)”, destacou a Secretaria, acrescentando: “Para haver a ampliação do atendimento, houve aquisição de insumos e servidores da pasta que serão pagos por meio da modalidade de TPD - Tarefa por Período Determinado. Trata-se de uma forma de ampliação pontual da carga horária de quem está envolvido nas ações”.
A Secretaria de Saúde chamou atenção para a importância da prevenção, com os cuidados com a água parada que facilita a proliferação do Aedes aegypti e disse que a Vigilância Ambiental vem fazendo um trabalho intensivo contra esses focos de reprodução do mosquito no DF. Sobre o tratamento, a Secretaria destacou que o tratamento da dengue começa ainda em casa, com bastante ingestão de líquidos e repouso. Os profissionais de saúde recomendam o uso de medicamentos como paracetamol e dipirona para aliviar as dores e a indisposição ocasionadas pela dengue”. Se persistirem os sintomas, as pessoas precisam procurar o atendimento médico.
Sintomas
Febre alta
Dor no corpo e articulações
Dor atrás dos olhos
Mal estar
Falta de apetite
Dor de cabeça
Manchas vermelhas no corpo
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Edição: Flávia Quirino