O Dia Internacional de Luta das Mulheres foi marcado por um ato político-cultural na Praça Zumbi dos Palmares no Conic, em Brasília (DF), em defesa da vida e do direito das mulheres, pelo fim do do genocídio do povo palestino e pelo bem viver.
A manifestação foi realizada na tarde desta sexta-feira (8) pelo movimento de mulheres unificado do DF, composto por organizações, coletivos, partidos políticos e sindicatos.
"A gente tem que desmistificar que a violência contra a mulher acontece a partir de um 'lobo mau' que chega na madrugada, com um rosto desconhecido. Em geral, a gente sabe que quem pratica violência contra mulher tem nome, sobrenome e endereço e é alguém conhecido", declarou Helen Frida, do Fridalab, um movimento de mulheres de São Sebastião.
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Já para Thaísa Magalhães, secretária de mulheres da Central Única de Trabalhadores (CUT) do DF, "a linguagem da cultura traduz muito o que a gente quer passar neste dia. A gente não pode esquecer que nós mulheres temos o direito de ser feliz, de ter tempo livre e de celebrar".
Cruzes brancas foram espalhadas pelo gramado para lembrar das mulheres vítimas de feminicídio e do massacre de Israel contra Gaza, que já deixou mais de 30.800 mortos, entre os quais 8.400 mulheres. Cartazes também lembraram a vida daquelas que foram mortas ou desaparecidas lutando contra a ditadura militar no Brasil.
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A descriminalização do aborto, o combate à toda forma de violência de gênero, o fim dos feminicídios, a implementação das recomendações da CPI do Feminicídio da CLDF e mais recursos para políticas públicas para mulheres cis e trans também foram bandeiras levantadas no ato desta sexta-feira.
"Nós estamos com os nossos lutando por liberdade. E nós estamos em todos os cantos desse Brasil no dia de hoje pra dizer que é preciso reconstruir esse país e é que é preciso lutar pela democracia que só existirá de fato quando houverem equidade de gênero", disse a deputada federal (PT) Erika Kokay.
Praça do Buriti é palco de luta
Mais cedo, por volta do meio-dia, um outro ato foi realizado na Praça do Buriti para chamar a atenção do Governo do Distrito Federal sobre a pauta.
A presidente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) no DF, Giulia Tadini, defendeu que o GDF tem sido negligente com políticas públicas voltadas às necessidades de atendimento às mulheres. “Esse governo tem sido omisso, a secretaria de mulheres é omissa e não cumpre a política de mulheres", disse.
Durante a campanha eleitoral de 2022, o governador Ibaneis Rocha (MDB) prometeu que iria abrir cinco novas unidades da Casa da Mulher Brasileira. Ele foi reeleito, mas a promessa de campanha ainda não foi cumprida e sua gestão deixou de executar cerca de R$ 10 milhões autorizados para a Secretaria da Mulher (SM), que já é uma pasta que recebe poucos recursos na comparação com as demais.
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De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, cinco mulheres nos primeiros dois meses de 2024. No ano anterior, o feminicídio foi o crime que mais cresceu e houve um aumento de 110% nas tentativas de feminicídio (de 37 registradas em 2022 passou para 78 no ano seguinte). Desde 2015, quando o crime ganhou uma tipificação penal própria, a Secretaria contabiliza 188 vítimas no DF.
Para a ativista da Ceilândia Dani Sanchez, a recente tentativa do governo Ibaneis de negar o direito à licença menstrual para servidoras e outras reivindicações ligadas ao bem-estar da mulher é a marca do tratamento político do governador às mulheres do DF.
“Existem mais 17 projetos que Ibaneis tenta barrar na justiça. São políticas que tratam do direito da mulher lactante de trabalhar perto de casa. direito da mulher de ter acompanhante na hora de ficar sedada, já quem acontecido vários casos de estupros em clínicas cirúrgicas, o direito da mulher servidora pública de ser transferida para outra do local de trabalho em caso de violência institucional ou assédio”, destacou.
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A agrupação de feminismo internacionalista Pão e Rosas também esteve presente ressaltando o 8 de março é um ato em escala global que une a luta das mulheres da América Latina à Faixa de Gaza em movimentos sociais que tem avançado no combate às políticas de austeridade. “Nos inspiramos nas mulheres argentinas que arrancaram o direito ao aborto nas ruas e hoje lutam contra a extrema-direita de Milei. Assim como, nos inspiramos na incansável luta por justiça das mães que tiveram seus filhos assassinados pela polícia racista e pelo Estado no Brasil”, disse Luiza Eineck, coordenadora da regional.
Lucci Laporta, assistente social e militante transfeminista, ressaltou que é “fundamental que o 8 de março tenha um compromisso trans-inclusivo, de combate a violência que atinge todas as mulheres, inclusive as travestis e as mulheres trans no Brasil. Esse grupo social é extremamente subalternizado, excluído do mercado de trabalho e longe das escolas e universidades. Então uma luta feminista que de fato queira destruir o patriarcado em todas as suas expressões, uma que busca liberdade à todas as mulheres, também precisa incluir o reconhecimento dos casos de feminicídio que aconteceram contra travestis e mulheres trans”.
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O ato contou com a participação de representantes de coletivos, movimentos, sindicatos, partidos políticos. As atividades do Dia Internacional de Luta das Mulheres encerraram com uma apresentação cultural das artistas Emília Monteiro, Kris Maciel e Ale Terribili, também na praça Zumbi dos Palmares, organizada pela Central Única dos Trabalhadores do DF.
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Edição: Márcia Silva