Um grupo de cerca de 300 mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou um protesto em frente à Embaixada de Israel, em Brasília (DF), para denunciar o genocídio do povo palestino e exigir um cessar-fogo imediato dos bombardeios contra Gaza.
“Nos solidarizamos com o povo palestino porque entendemos que estamos unidos na luta pela terra. Nossas famílias, posseiros, agricultores pobres, trabalhadores rurais, foram expulsos do campo para expansão do agronegócio. Nossa dignidade deu lugar aos milhões de hectares de soja, milho, algodão e eucalipto”, diz o movimento em nota.
As mulheres, assentadas e acampadas no DF e entorno, chegaram em três ônibus ao prédio da embaixada, localizada no Setor de Embaixadas Sul. Ali, elas levantaram faixas denunciando o genocídio e pedindo por “Palestina livre”. Durante o ato, algumas delas, segurando cruzes nas mãos, se deitaram no gramado para simbolizar as vidas tombadas no conflito.
Mais 30.800 palestinos foram mortos em Gaza, considerando o levantamento a partir de 7 de outubro, quando o grupo político de resistência palestina Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2006, realizou uma ofensiva contra Israel, em resposta às mais de sete décadas de colonização do território.
Desde então, Israel tem efetuado bombardeios e tiroteios incessantes contra Gaza. Entre os mortos, 12.300 são crianças e 8.400 são mulheres. O número de feridos na região sobe para 72 mil e 8 mil são os desaparecidos.
Na Cisjordânia ocupada, o exército israelense também deixa mortos e feridos. Desde o 7 de outubro, pelo menos 424 pessoas foram mortas, sendo 113 crianças. Mais de 4.600 feridos. Os números são do Ministério da Saúde palestino.
Em Israel, neste mesmo contexto, 1.139 pessoas foram mortas e 8.730 ficaram feridas.
O comunicado do MST ainda aponta que Israel “é responsável por gerar mais de dois milhões de sem terra palestino, expulsos de suas casas, suas terras, separados de suas famílias”.
“A luta em defesa de seus territórios e de seus corpos é o que move a histórica resistência palestina”, declara o MST, afirmando ainda que “voltar para a terra, produzir alimentos saudáveis e combate à violência e demais injustiças sociais é a nossa principal luta”.
A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra, realizada em todos os estados onde o MST está organizado. No DF e Entorno, a programação da jornada começou na quinta-feira, 7 de março, com atividades de estudo e debate entre mulheres assentadas da região.
Leia a nota na íntegra:
As Mulheres Sem Terra do Distrito Federal e Entorno vêm, por meio desta nota, denunciar a prática genocida que o Estado de Israel impõe sobre o povo palestino e solidarizar com todas as vítimas do sionismo. Na manhã desta sexta-feira (8), nós, trezentas Mulheres Sem Terra,realizamos um protesto em frente à Embaixada daquele país, em Brasília, para denunciar esta política perversa e exigir um cessar-fogo imediato.
A ação fez parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra. No DF e Entorno, tal Jornada teve início nesta quinta-feira (7), com um momento de estudo e debate entre as Mulheres Sem Terra. Ainda nesta sexta-feira, faremos um ato na Superintendência Regional do INCRA, em Brasília.
Desde o dia 7 de outubro do último ano, o exército israelense já assassinou mais de 30 mil palestinos, sendo mais de 13 mil crianças e quase 9 mil mulheres. Cerca de 60 mil mulheres grávidas estão em risco, pois Israel, além de bombardear hospitais (já são 32 hospitais e 53 centros médicos destruídos), impede a entrada de itens médicos e remédios básicos. Ademais, já são 7 mil desaparecidos, dos quais, 70% são mulheres e crianças.
Nesta Jornada das Mulheres Sem Terra, nos solidarizamos com o povo palestino porque entendemos que estamos unidos na luta pela terra. Nossas famílias, posseiros, agricultores pobres, trabalhadores rurais, foram expulsos do campo para expansão do agronegócio. Nossa dignidade deu lugar aos milhões de hectares de soja, milho, algodão e eucalipto. Voltar para a terra, produzir alimentos saudáveis e combate a violência e demais injustiças sociais é a nossa principal luta.
Do mesmo modo, segue a luta e a resistência do povo palestino. O Estado de Israel é responsável por gerar mais de dois milhões de sem terra palestino, expulsos de suas casas, suas terras, separados de suas famílias. A luta em defesa de seus territórios e de seus corpos é o que move a histórica resistência palestina. Como afirma o lema de nossa Jornada este ano: ‘Lutaremos! Por nossos corpos e territórios, nenhuma a menos!”.
Nossa luta por Reforma Agrária Popular passa, necessariamente, pelo exercício da solidariedade como um valor. Por isso, já doamos 13 toneladas de alimentos para o povo palestino. E seguiremos doando mais. Afinal, a terra não é para gerar lucro, mas é para alimentar aqueles que tem fome.
Seguiremos mobilizadas, em luta e solidariedade ao povo palestino. Marcharemos até que a Reforma Agrária seja realidade no Brasil!
Cessar-fogo já!
Viva o povo palestino! Viva a resistência popular!
Palestina livre!
Mulheres em luta! Nenhuma a menos!
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Edição: Márcia Silva