Um grupo formado por mulheres da comunidade Fazendinha realizaram um encontro com lideranças comunitárias na zona rural do Sol Nascente para expor as principais demandas em relação aos direitos de cidadania básica que não são assistidos pelo Governo do Distrito Federal. A reunião faz parte das atividades do Mês de Luta das Mulheres e foi realizada no dia 9 de março.
A demanda principal trata da dificuldade de garantir o acesso de crianças e adolescentes à educação. No caminho das ruas do Trecho III à escola, falta iluminação pública e asfalto em boa parte das pistas, inclusive de vias urbanas, e sobram poeira, buracos e lixo.
Moradora do território, Andrea Lopes Mello afirma que muitas crianças estão sofrendo. “Elas vão para a escola andando a pé, de qualquer jeito. Geralmente é nessa poeira em quase todo o caminho. Várias crianças têm problemas de saúde, doenças respiratórias ou não podem pegar muito sol. Quando chove, piora. Tudo vira lama e fica impossível. Todos os dias têm sido isso pra levar os filhos ao colégio. Também não temos parada de ônibus aqui perto, para conseguir um ônibus tem que andar mais de um quilômetro”.
A situação se agrava com a crise sanitária da dengue. “Eles não mandam o pessoal aqui para vigiar o mosquito, ninguém passa aqui para fazer avaliação, nem fumacê e nem para ver a situação do lixo. Boa parte dos que moram aqui na comunidade da Fazendinha tá com dengue”, acrescenta Andrea.
Suzy Rodrigues da Silva, também moradora do Trecho III e militante do Movimento de Trabalhadores por Direitos (MTD), diz que a mobilização coletiva em prol dos desafios em comum não é apenas sobre o direito ao transporte escolar, mas também condições dignas de vida e acesso a serviços essenciais. "Não é porque moramos em uma favela que não temos direitos. Somos mulheres guerreiras, mulheres de luta, e exigimos ser ouvidas e atendidas".
“Nós lutamos aqui dentro da comunidade por direito de ônibus escolar, coleta de lixo e um postinho de saúde. São demandas muito grandes, queremos o direito à água, luz. Tantos problemas acabam desaguando em problemas de saúde que lotam o postinho de forma desnecessária, pois poderia ser resolvido antes, com prevenção”, ela acrescenta.
A líder comunitária e também militante do MTD, Nice da Silva, moradora de Ceilândia Norte, diz que a impressão que dá é que “o GDF tá fazendo de tudo para evitar que as mães do Sol Nascente consigam levar seus filhos à escola. Isso considerando uma Região Administrativa do Distrito Federal, território considerado moderno e que deveria servir como vitrine aos outros estados”.
A comunidade do Sol do Nascente, região administrativa do Distrito Federal, localizada a 37 quilômetros de distância do Palácio do Planalto. De acordo com a prévia do Censo 2022 do IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística), Sol Nascente conta com 32.081 domicílios e é considerada a maior favela da América do Sul. A região começou parte de Ceilândia, mas com o crescimento populacional ganhou status de RA, mas boa parte do espaço segue sem regularização urbana e saneamento básico.
Em nota, o GDF informou que tem realizado diversos investimentos na região do Sol Nascente, incluindo “o Trecho II que teve 100% dos serviços executados e contou com investimento de R$ 68 milhões. Agora, o GDF se dedica aos trabalhos de pavimentação asfáltica, drenagem, instalação de meios-fios, construção de calçadas, sinalização horizontal e vertical e bacias de detenção nos trechos I e III, sendo este o maior e mais complexo, dividido em três diferentes lotes. O investimento já ultrapassa R$ 80 milhões nessa região de grande vulnerabilidade social, e deve chegar aos R$ 300 milhões”.
Até o fechamento desta matéria, o GDF não informou sobre as demandas de transporte escolar e infraestrutura específicas da região da Fazendinha.
:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato DF no seu Whatsapp ::
Edição: Márcia Silva