Após denúncias de superlotação, o Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro-DF) e a deputada distrital Dayse Amarílio (PSB) realizaram, no dia 26 de março, uma visita de inspeção ao Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Durante a vistoria, identificaram bebês graves no Pronto Socorro esperando por vagas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além da falta de profissionais e de equipamentos adequados.
“Um déficit gigantesco de profissionais e uma ala inteira de equipamentos parados por falta de contratos de manutenção”, contou a parlamentar a respeito do que viu na UTI neonatal. A equipe também visitou o Centro Obstétrico, onde haviam bebês esperando vagas de cuidado intensivo. “Uma insalubridade enorme. O ar condicionado não dá conta. São bebês, que não eram para estar ali, com grau de temperatura altíssimo”, descreveu a deputada.
Segundo o SindEnfermeiro-DF, faltam neonatologistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas. Além disso, equipamentos como umidificadores, oxímetros, aparelhos de fototerapia e monitores multiparâmetros estão parados por falta de manutenção, o que impacta o atendimento na unidade.
De acordo com um levantamento feito pelo gabinete de Dayse Amarílio, que também é vice-presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC) da CLDF, há um déficit de 361 profissionais de saúde no HMIB: faltam 12 médicos pediatras, 272 técnicos de enfermagem e 77 enfermeiros. Os dados foram obtidos no Sistema Único de Gestão de Recursos Humanos (Sigrh). Atualmente, o Hospital conta com 65 pediatras, 561 técnicos de enfermagem e 201 enfermeiros.
PS pediátrico: “cenário de guerra”
Durante a vistoria, ao perceber a presença da vice-presidenta do SindEnfermeiro-DF, Úrsula Nepomuceno, e da parlamentar, a população pediu que também visitassem o Pronto Socorro (PS) da unidade.
“Uma situação caótica, parecia cena de guerra”, afirmou Dayse Amarílio. Segundo ela, havia no PS oito bebês também aguardando leitos na UTI: “bebês graves que não eram pra estar ali”. A parlamentar contou ainda que muitos dos pacientes já estavam peregrinando pela rede de atendimento, vindo de outros hospitais de Guará, Ceilândia e Taguatinga.
O Sindicato descreveu a situação encontrada no PS como “caótica”. Segundo o grupo, havia no momento da visita 10 crianças classificadas como laranja, 8 amarelas, 2 como verdes, 56 como azul e 7 sem classificação aguardando atendimento. No entanto, dentro do PS a lotação já era máxima, com 25 crianças internadas, sendo 4 entubadas e 2 em CPAP, uma técnica de suporte para respiração.
A vice-presidenta do SindEnfermeiro-DF afirmou que havia uma enfermeira prestando assistência para 11 recém-nascidos, quando esse número deveria ser de no máximo cinco. Já no centro obstétrico, havia dois recém-nascidos aguardando por leitos de UTI – “e pior: esse número durante o final de semana chegou a nove”, completou.
Nomeação de servidores e mais investimentos para saúde
A equipe que realizou a fiscalização exigiu a nomeação imediata de mais profissionais concursados e o incremento dos recursos para a saúde pública do DF. “É uma situação muito difícil em que a gente pede a sensibilização para que a gente possa ter nomeação e investimento na saúde”, cobrou a deputada Dayse Amarílio.
Já a vice-presidente do SindEnfermeiro-DF alertou que sem aumento de profissionais, a tendência é que o “colapso” no HMIB continue. “É necessária a nomeação de mais profissionais, investimento em recursos materiais e equipamentos, a ampliação de leitos de UTI neonatal, pediátrica, assim como leitos de retaguarda nas internações das pediatrias do DF”, concluiu.
O que diz a Secretaria de Saúde?
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde do DF (SESDF) disse que o HMIB está com "alta demanda", devido ao início da sazonalidade das doenças respiratórias pediátricas, além dos casos de dengue, mas que a unidade "não tem medido esforços para oferecer o melhor acolhimento e assistência aos pacientes e tem mantido pacientes/acompanhantes informados acerca da situação dos atendimentos".
Em relação ao déficit de profissionais, a pasta informou que "trabalha para ampliar o quadro". Segundo a Secretaria, entre as ações desenvolvidas estão "a nomeação de novos servidores em concursos públicos e contratações temporárias para suprir a necessidade de diversas áreas assistenciais".
"Em 2023, foram chamados 747 médicos de diversas especialidades, 241 enfermeiros, 132 cirurgiões dentistas e 565 especialistas em saúde, totalizando 1.685 nomeações. Já em 2024, foram realizados 700 novos chamamentos, sendo 90 médicos, 156 enfermeiros, 181 técnicos de enfermagem e 273 agentes de vigilância ambiental e atenção comunitária à saúde", completou.
:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato DF no seu Whatsapp ::
Edição: Márcia Silva