Na manhã desta sexta-feira (05), o Acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) 8 de março, abriu as portas para a realização da audiência pública à Frente Parlamentar da Reforma Agrária, Agricultura Familiar e Agroecologia da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
No debate, além da regularização do 8 de março, pautas de outros acampamentos e assentamentos permearam o debate, como questões ambientais nos assentamentos Pequeno William, Roseli Nunes, Oziel Alves III. As demandas para melhoria de infraestrutura dos assentamentos, acesso à educação do campo, agroindustrialização, melhoria da organização produtiva, também foram pautas abordadas na audiência pública.
Coordenada pelo presidente da Frente Parlamentar, o deputado distrital Gabriel Magno (PT), a atividade contou com a presença de representantes de movimentos sociais, sindicais e órgãos governamentais, como Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater) e a Superintendência de Patrimônio da União (SPU).
“Este ano estamos visitando os acampamentos e os assentamentos. Nós tivemos a primeira atividade da Frente em Brazlândia, há duas semanas, então a gente entra no mês de abril, que é muito simbólico para todos e todas, pois no 17 de abril a gente relembra, mas com muita luta, o massacre de Eldorado dos Carajás, que aconteceu em 1996, e reafirma esse dia em defesa da reforma agrária, em defesa da terra e em defesa da agroecologia também”, observou o parlamentar.
Criada em 17 de abril do ano passado, a Frente Parlamentar da Reforma Agrária, Agricultura Familiar e Agroecologia do DF tem como objetivo apoiar a produção agrícola familiar e agroecológica, discutir a concentração fundiária no DF, fiscalizar a aplicação da função social da terra nas propriedades rurais, desenvolver legislações fundiárias e do uso do solo rural e realizar ações parlamentares que favoreçam a reforma agrária, a agricultura familiar e a agroecologia.
Dirigente estadual do MST no DF, Marco Baratto, falou sobre a importância da atuação conjunta de movimentos e organizações sindicais que atuam na luta em defesa da reforma agrária. “A Frente não é uma construção só do MST, ela é uma construção conjunta do nosso campo unitário agrário, que compõe o MST, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a CONTAG, o Movimento de Apoio ao Trabalho do Rural, a NADR, a Contraf, a Fetraf. A gente atua conjuntamente em várias frentes, sobretudo em defesa da reforma agrária", ressaltou.
A deputada federal Érika Kokay, também participou da atividade e ressaltou a importância do MST para a luta por reforma agrária no país. “O MST colocou na agenda do país a luta de tantos movimentos, das ligas camponesas, as lutas por liberdade, que são lutas que esse país acumula na discussão de que a terra tem que ser repartida. Nós temos as desigualdades como problemas a serem enfrentados e ela tem um caráter muito estruturante. A luta por reforma agrária é a luta por um outro modelo de desenvolvimento nacional”, destacou.
12 anos de luta
Acampada do 8 de março, Edineide Rocha, lembrou da luta do acampamento, que completou em março 12 anos. “A luta por este território já dura 20 anos. A gente sofreu muito aqui no início e o Estado legitima isso, aqui é uma área pública e estamos reivindicando uma área pública".
Cerca de 90 famílias vivem na área onde produzem alimentos e o sustento de suas famílias. "Aqui dentro eu planto legumes, hortaliças e frutas, tenho minha moradia, que é no barraco, planto minhas suculentas, que também vendo um pouco e vou sobrevivendo. A gente tem essa esperança enorme de que vamos conseguir a nossa contemplação do espaço que é o 8 de março, que é a conquista dessa terra", conta a acampada Maria Bárbara.
"É muito importante essa audiência pública para a gente ter mais um impacto, saber como é que está a terra, como é que vai ser o processo, para a gente poder também animar o nosso povo, porque o povo está um pouco desacreditado. Eu trabalho na roça mesmo aqui, eu planto mandioca, planto maracujá, de tudo um pouco. A gente precisa de organização e cobrar dos órgãos a regularização da nossa área", destacou
Maria de Souza Castro, que também é acampada.
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Edição: Flávia Quirino