Professores, servidores técnico-administrativos e estudantes da Universidade de Brasília (UnB) se reuniram nesta terça-feira (16) em assembleia unificada para discutir as atividades de mobilização e a pauta de reivindicações da greve.
“Essa mobilização é fundamental para mostrar que há uma unidade de luta, que é necessário que os professores e os estudantes saiam das salas de aula e venham fazer um movimento paredista. É um movimento em defesa da universidade pública, pela recomposição do orçamento, mas também pelas carreiras, pelos salários dos servidores públicos”, avaliou a presidenta da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), Eliene Novaes.
As categorias aprovaram um manifesto unificado em defesa da educação e da universidade pública e a participação nas agendas de luta. A principal atividade desta semana é a Marcha Nacional de Servidoras e Servidores Públicos, que acontece na quarta-feira (17), com concentração às 9h na Catedral Metropolitana de Brasília e segue rumo ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
Os professores da UnB iniciaram a greve nesta segunda-feira (15). Já os servidores técnico-administrativos estão paralisados há mais de um mês, desde 11 de março. A greve continua por tempo indeterminado.
“Nós técnico-administrativos da educação, na verdade, atravessamos vários ciclos de abandono na manutenção da universidade e com baixos salários”, aponta o coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), Edmilson Lima.
Segundo ele, a categoria passou oito anos sem aumento durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sofreu uma série de ataques aos direitos durante os mandatos de Temer e Bolsonaro. No primeiro ano do governo Lula, os servidores negociaram um aumento de 9% e de 200 reais no vale alimentação, mas em 2024 ficaram novamente sem reajuste.
“Por isso que nós estamos novamente com o bloco na rua, porque nós não concordamos passar mais um ano sem aumento de salário. É muito importante essa unidade de estudantes, professores e técnico-administrativos a nível nacional”, defendeu o coordenador da Sintfub.
Os estudantes presentes compactuaram com a mobilização das categorias e também apresentaram suas próprias reivindicações, dentre elas a política de bolsa permanência.
A presidente do Centro Acadêmico da Licenciatura em Educação do Campo (LEdoC), Jhully Emidio, ressaltou que estudantes quilombolas deixam suas comunidades e dependem de auxílio financeiro para se manter na universidade.
“Muitos [estudantes] não estão aqui, porque não entenderam realmente o motivo de luta. A LEdoC está, porque sente na pele todo dia a necessidade de lutar. A recomposição orçamentária tem que chegar nos campus avançados. Tem que chegar dinheiro pra reformar nosso alojamento. A gente está cansado de vir pra estudar na nossa universidade e não ter um colchão de qualidade, não tem geladeira, tem goteira pingando”, defendeu.
Negociações
Nesta sexta-feira (19), haverá duas reuniões da Mesa Específica Temporária com o MGI e os sindicatos para tratar da reestruturação das carreiras. Às 10h, a negociação será com os servidores técnicos e administrativos e às 14h30 com os docentes.
Na semana passada, 16 parlamentares do campo progressista se reuniram com a ministra Esther Dweck para discutir uma proposta de negociação.
“A proposta que foi apresentada lá não tinha nada de diferente daquilo que já tinha sido proposto para os servidores das universidades. A ministra disse que estava trabalhando com o ministro Haddad na tentativa de achar um espaço fiscal a fim de melhorar a proposta. Eu estou otimista que haverá uma melhoria na proposta a ser apresentada, mas volto a enfatizar: são vocês servidores que têm que decidir se é boa ou não a proposta”, afirmou o deputado federal Reginaldo Veras (PV), que participou da reunião com o MGI.
Também participaram da assembleia unificada desta terça (16) a deputada federal Erika Kokay (PT) e os distritais Fábio Félix (PSOL), Max Maciel (PSOL) e Gabriel Magno (PT), além de representantes da Fasubra, DCE, UBES e UNE.
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Edição: Márcia Silva