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Em quatro anos, GDF destinou mais de R$ 4 bi para transporte público; parlamentar questiona falta de transparência

Reunião na Câmara Legislativa debateu situação do transporte público no DF

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Comissão geral sobre transporte na CLDF - Carlos Gandra/ Agência CLDF

O governo do Distrito Federal (GDF) investiu entre os anos de 2020 e 2024 R$4,6 bilhões em valores liquidados com transporte público. Os dados foram apresentados na comissão geral sobre o tema na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

Na reunião, o deputado Chico Vigilante (PT) questionou o secretário Transporte e Mobilidade, Zeno Gonçalves, sobre o gritante aumento do custeio do sistema de transporte e a insatisfação dos usuários diante das inúmeras reclamações sobre o mal funcionamento do serviço.

“Precisamos debater franca e abertamente, a situação do transporte público do Distrito Federal”, falou Vigilante no início do evento. Segundo o deputado, “precisa garantir um serviço de qualidade, levando em consideração os gastos públicos que vêm sendo repassados às empresas e o alto valor da passagem”. Sua principal indagação ao secretário de Transporte foi sobre o aumento dos recursos do GDF enviados para as empresas de ônibus, sem contrapartida.


Tabela de valores apresentadas por Vigilante durante comissão geral / Reprodução

De acordo com o secretário Zeno Gonçalves, o custo aproximado do sistema atualmente é de R$ 2 bi por ano e que os usuários pagaram cerca de R$ 800 milhões e o restante e subsidiado pelos cofres públicos. “O subsídio é para que o usuário não tenha de pagar mais e para arcar com as gratuidades dos estudantes, das pessoas idosas e com deficiência”, justificou.

Ainda segundo o Secretário de Transporte, em razão das grandes distâncias entre as cidades do Distrito Federal é impossível cobrir os custos com as passagens. Ele citou como exemplo, o usuário que vai se Planaltina a Brazlândia pagando uma passagem de R$ 5,50 e se não fosse o subsídio pagaria mais de R$ 10,00. Ao falar sobre os repasses extras que anualmente o GDF faz para as empresas de ônibus, Zeno disse que o governo tem uma dívida de R$ 900 milhões com as empresas operadoras do sistema.

O deputado Chico Vigilante questionou o secretário de Transporte como o GDF pretende pagar essa dívida e Zeno argumentou que o custo da tarifa técnica teria sido reduzido neste último ano e que o Executivo terá uma economia de R$ 540 milhões (em relação ao ano passado), que deve ser usada para pagar a dívida até o final do ano que vem.

Metrô 

O diretor-presidente da Metrô-DF, Handerson Ribeiro, também esteve presente e apresentou os planos de expansão do modal, citando as obras de Samambaia e Ceilândia. Segundo ele, serão mais 3,5 km de linha, com duas novas estações em Samambaia e o projeto para duas estações estacoes e aumento de 2,6 km de linha da Ceilândia.

A usuária Janaína Scartazzini, moradora de Vicente Pires, destacou que o transporte publico é vital para a dinâmica de Brasília, mas que não tem a atenção necessária por parte do governo, apesar de sua importância. Em seu discurso na tribuna, ela defendeu a expansão do metrô e também cobrou mais segurança nos ônibus.

“Peço que as nossas autoridades priorizem os investimentos em transporte público: metrô 24 horas, novas linhas, melhorias na segurança são passos fundamentais para garantir que todos os cidadãos de Brasília tenham acesso a um transporte publico eficiente”, cobrou a usuária.

Renovação das frotas

Representantes das empresas de ônibus também participaram da comissão geral, como o diretor executivo da BSBus Mobilidade (antiga São José), Adriel Lopes, que responsabilizou a pandemia do Covid 2019 (que iniciou em 2020) por alguns problemas financeiros e de qualidade de prestação de serviços. Segundo ele, as características de utilização do transporte mudaram, com isso falta orçamento, mas prometeu que a renovação da frota deve ocorrer até o final de maio.

A gerente de operações e planejamento da Viação Marechal, Nuria Azevedo, justificou que sua concessionária ainda não concluiu a renovação da frota em razão da a folha de pagamento da empresa e do acúmulo de dívidas com o governo entre 2022 e 2023. No entanto, ela disse que esperar entregar 244 veículos em agosto. Por fim, o diretor da Piracicabana, Fausto Mansur, destacou que a empresa foi uma das primeiras a renovar 100% de seus ônibus.

Edição: Flávia Quirino