O Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) foi alvo de mais uma denúncia na última semana. De acordo com uma mãe que buscou atendimento na unidade, apenas um médico estava atendendo os pacientes, além de haver uma espera de 2 horas para a triagem, etapa inicial realizada em serviços de saúde ou assistência social para avaliar a gravidade e a urgência das demandas dos pacientes ou usuários.
"As pessoas estão brigando, reclamando por conta que não tem médico, só tem um médico para atender muitas e muitas crianças. As pessoas começaram a discutir, mas não foi para frente", disse a mulher que preferiu não se identificar. "É desumano. O povo tá aqui há mais de 2 horas para fazer uma triagem."
No final de março deste ano, o Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro-DF) e a deputada distrital Dayse Amarílio (PSB) haviam realizado uma visita de inspeção ao HBMIB. Na ocasião, foram identificados bebês graves no Pronto Socorro esperando por vagas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além de falta de profissionais e de equipamentos adequados.
Para o deputado distrital e presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura da Câmara Legislativa do DF (CLDF), Gabriel Magno (PT), hoje, o problema da rede de saúde é a falta de servidores. De acordo com um levantamento realizado no colegiado, são quase 15 mil cargos que estão vagos na Secretaria de Saúde do DF (SES-DF).
Atualmente, o HMIB conta com 65 pediatras, 561 técnicos de enfermagem e 201 enfermeiros. Em 2023, foram chamados 747 médicos de diversas especialidades, 241 enfermeiros, mostra números da pasta.
Ao ser questionada sobre o levantamento da Comissão da CLDF, a Secretaria de Saúde informou que a pasta tem feito um "esforço significativo para preencher as vagas". Segundo eles, nos últimos doze meses, foram admitidos 1.860 novos servidores para diversos cargos na pasta. "O Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) possui 1.608 servidores lotados, entre médicos, enfermeiros, técnicos e outros", informou em nota.
Segundo a diretora administrativa do SindEnfermeiro-DF, Ursula Nepomoceno, a cobertura da Atenção Primária do DF é de 60%. Com isso, a população não consegue acesso total, o que resulta em uma alta demanda. "Como as famílias não têm equipe de saúde na sua área para procurar, elas vão para o HMIB", disse.
"Cabe a gestão pública planejar e aumentar, antecipadamente, a cobertura de saúde da família no DF. Ampliar o acesso das famílias, além de investimento e estrutura, aumento no número de servidores. Só na enfermagem, estão faltando 7 mil profissionais. Não tem gente suficiente para atender a população. É preciso nomear servidores da saúde, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, e especialistas em saúde", alertou Ursula.
Aumento no caso de doenças respiratórias
Procurada pelo Brasil de Fato DF, a SES-DF informou que a demora dos atendimentos é devido a "alta demanda". Em nota, o órgão apontou o início da sazonalidade das doenças respiratórias da pediatria como um dos motivos para a situação na unidade, além do surto de casos de dengue, o que aumentou a busca por atendimento pediátrico.
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A deputada Dayse Amarílio afirma que o HMIB é um hospital de grande porte na área da pediatria, porém, a situação se agrava pelo déficit de dimensionamento pessoal. "A gente tem as doenças respiratórias que é o período pré-inverno, período da seca. Então, isso agrava demais", reforça a parlamentar.
O período de sazonalidade das doenças respiratórias vem com a chegada do outono e do inverno, o que acaba aumentando os números de casos de infecções, como gripes, resfriados, bronquiolites, e, principalmente, o vírus sincicial respiratório (VSR).
A presidente da Sociedade de Pediatria do DF, Luciana Monte, explica que realmente existe uma demanda grande neste período. No DF, geralmente, a sazonalidade das doenças é no mês de março, abril e maio.
"Por um lado, os profissionais, às vezes, são pegos com uma demanda alta de crianças doentes. Mas, por outro, os gestores deveriam estar sempre atentos que isso acontece todo ano e, por isso, eles devem se preparar. Os serviços que atendem crianças, principalmente, precisam se preparar, já que todo ano esses vírus vão vim. Ao mesmo tempo que a sazonalidade justifica o fato de ter uma demanda maior de crianças precisando de atendimento nos hospitais, também não justifica porque sabemos que tem todo ano", disse a pneumologista pediátrica.
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Edição: Márcia Silva