Apesar do governo federal fechar acordo com uma entidade sindical, a greve nacional da Educação Superior continua, inclusive na Universidade de Brasília (UnB) e no Instituto Federal de Brasília (IFB). Servidores das duas instituições federais de ensino do DF rejeitaram a proposta do governo e aguardam uma nova rodada de negociações na próxima semana com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).
“A proposta do governo ainda está muito longe do que as categorias aguardam e por isso a maioria das instituições continuam em greve”, explicou Lucas Barbosa, coordenador no DF do Sindicato Nacional dos Servidores Federais na Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe Brasília). Segundo ele, apenas o Instituto Federal do Paraná (IFPR) e cerca de sete universidades fazem parte do Proifes (Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico), que assinou acordo com o governo na segunda-feira (27).
“Um dos pontos que o governo precisa avançar muito, para além do reajuste proposto para as categorias, é a recomposição dos orçamentos das instituições federais, que estão no mesmo patamar desde 2016 [último ano do governo Dilma-PT)”, destacou Lucas Barbosa. Segundo ele, as instituições federais, atualmente, conseguem se manter com os recursos das emendas parlamentares, que podem ser destinadas a outras áreas. “Não podemos ficar reféns das emendas parlamentares”, acrescentou.
Em greve desde o dia 3 de abril, docentes e técnico-administrativos do IFB são representados pelo Sinasefe, que não assinou acordo com o governo. Na última sexta-feira (24) os servidores do IFB rejeitaram a proposta do governo em assembleia e a decisão nacional de prosseguir com o movimento se deu em plenária nacional do Sinasefe no domingo (26). Os servidores esperam uma nova proposta do governo para reajuste e recomposição do orçamento para a próxima semana.
Professores UnB
Já a categoria docente da UnB, em greve desde 15 de abril, em assembleia na última quarta-feira (22) também rejeitou a proposta do governo e segue na mobilização nacional por meio do da Associação de Docentes da UnB (ADUnB) - Seção Sindical do Associação Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), que também não assinou acordo com o governo e representa mais de 60 universidades federais. “Essa greve continua forte e continua em andamento”, esclareceu a presidenta da ADUnB, Eliene Novaes.
“É importante lembrar que o Proifes não representa a maior parte dos docentes das universidades do Brasil. Esses docentes [maioria] estão articulados ao Andes e o nosso sindicato nacional não assinou esse acordo, porque entende que ela é uma proposta rebaixada daquilo que as nossas assembleias indicaram”, explicou Eliene Novaes.
O Andes informou que na segunda-feira, 3 de junho, haverá mais uma reunião para negociação com o MGI sobre a contraproposta apresentada pelas categorias. A categoria realizará um ato a partir das 14h em frente ao ministério, durante a reunião.
Para a categoria docente, o Governo Federal apresentou proposta de reajuste zero em 2024, 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026. A categoria reivindica um reajuste de 3,69% em agosto de 2024, 9% em janeiro de 2025 e 5,16% em maio de 2026.
Técnico-administrativos UnB
Já os servidores técnico-administrativos da UnB, que estão em greve desde 11 de março, integram o Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub) se reuniram em assembleia nesta terça-feira (28) e decidiram rejeitar a proposta do governo apresentada em reunião com o MGI no dia 21 de maio.
A categoria, que segue um processo de negociação junto ao governo, em separado dos docentes, aprovou a continuidade da greve e fortalecimento das ações de mobilização e os parâmetros para uma contraproposta a ser apresentada pela Federação de Sindicatos de trabalhadores técnico-administrativos em educação das instituições de ensino superior públicas do Brasil (Fasubra). A Federação espera a devolutiva do governo de contraproposta também para a próxima semana.
De acordo com o coordenador do Sintfub, Edmilson Rodrigues de Lima, a contraproposta aprovada na assembleia consiste em reajustes de 4% em 2024, 9% em janeiro de 2025, 9% em maio de 2026, e reposição do estepe gradativo. A proposta do governo federal para servidores técnico-administrativos consiste em reajuste zero em 2024, 9% em janeiro de 2025 e 5% em maio de 2026.
"Essa greve das universidades se dá após seis anos dos governos Temer e Bolsonaro, onde a universidade foi exprimida como uma laranja, com congelamento de salário, diminuição de orçamento para ensino, pesquisa e extensão", justificou o representante do Sitfub, destacando a necessidade real de reestruturação da carreira dos técnico-administrativos.
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Edição: Márcia Silva