Com a chegada do frio, diversas organizações e movimentos sociais se mobilizaram para realizar campanhas de agasalhos voltadas às populações vulneráveis do Distrito Federal. Segundo o 1º Censo Distrital da População em Situação de Rua, realizado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), em 2022, aproximadamente 3 mil pessoas vivem nas ruas do DF.

Com isso, a Instituição Cultural e Social No Setor, em parceria com o Movimento Nacional da População de Rua (MNPR) no DF, organizou a campanha "Aqueça Vidas". O objetivo é reduzir os impactos do frio sobre as pessoas em situação de rua, arrecadando roupas como casacos, meias, tênis, cobertores e mantas. Além disso, também são aceitas doações de outras peças de roupa para suprir as necessidades diárias dessas pessoas.

A ação é realizada desde 2020, quando começou a pandemia. Rafael Reis, coordenador geral do Instituto No Setor, destaca que, desde então, as organizações promovem a campanha anualmente. "Sabemos que o frio mata, mas poucas pessoas falam sobre isso. Esse é um gesto de empatia com nossa cidade. Queremos tornar Brasília mais humana, e, embora seja um pequeno passo diante do desafio de combater a desigualdade, é nossa tentativa de cuidar das pessoas", afirmou Rafael.

Com equipe em diversas Regiões Administrativas (RAs) para receber as doações, Rafael informa também que a campanha vai continuar enquanto o frio durar. Ainda segundo ele, devido às mudanças climáticas, não é possível prever a intensidade e quanto tempo vai fazer frio. "O inverno pode ser mais rigoroso ou menos rigoroso. Nossa expectativa depende do período de frio e da quantidade de dias", explicou.

Café com Escuta

Outro projeto que está coletando donativos é o Café com Escuta, que recebe doações de barracas, colchonetes, cobertores e agasalhos para ajudar as pessoas em situação de rua no Setor Comercial Sul (SCS).

"A doação é importante para amenizar o sofrimento e a espera por políticas públicas de inclusão social. Tanto o Movimento Nacional de População de Rua DF quanto o Café com Escuta e o Instituto No Setor trabalham para incluir e cuidar das pessoas em situação de rua, garantindo sempre o cuidado em liberdade", afirmou Joana Basílio, coordenadora do MNPR no DF.

O Café com Escuta está recebendo os itens todas as sextas-feiras do mês de junho, das 09 horas às 11h30. As doações podem ser feitas na quadra 4, no Setor Comercial Sul, perto do CAPS AD Candango.

Aqueça um Coração Neste Inverno

O Instituto Barba Na Rua também está mobilizando pessoas para a campanha "Aqueça um Coração Neste Inverno", que tem como objetivo arrecadar cobertores. O presidente do instituto, Rogério Barba, explica que, para quem deseja doar, há uma equipe disponível para buscar os donativos no local indicado. Para isso, basta entrar em contato pelo número (61) 98363-8161 e informar onde os itens devem ser recolhidos. Além disso, Barba informa que também estão sendo aceitas doações via PIX para a compra dos itens de inverno (chave PIX: 407290030001-85).

"Precisamos olhar para essa situação no DF, pois já vemos pessoas morrendo de frio em São Paulo. Quando aquecemos um coração, estamos aquecendo um ser humano e preservando uma vida, mesmo que essa pessoa esteja em situação de rua", disse o presidente do Instituto Barba Na Rua.

Segundo Barba, outra demanda da campanha é mobilizar a Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal (SEDS-DF) para que seja providenciado um ginásio para acolhimento das pessoas em situação de rua durante o inverno. A ideia é que o espaço seja cedido para que a população possa passar a noite em algum lugar mais aquecido e confortável.

Campanha do Agasalho Solidário 

O Governo do Distrito Federal (GDF) também está arrecadando itens de frio para a população em situação de vulnerabilidade social. A campanha do Agasalho Solidário pretende arrecadar mais de 8 mil donativos até 16 de julho. Na ação, estão sendo aceitos cobertores e roupas de frio, como casacos, meias, luvas e gorros para adultos e crianças. 

As doações podem ser feitas nos pontos de coleta nos órgãos do GDF, como o Palácio do Buriti, as administrações regionais, batalhões da Polícia Militar e grupamentos do Corpo de Bombeiros Militar do DF, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

Censo

O levantamento feito pelo Governo do Distrito Federal apontou que 71,1% das pessoas em situação de rua no DF se declararam negras e 11,6% indígenas. 80,7% são homens e 3,5% são pessoas trans. O estudo também identificou que 244 crianças e adolescentes vivem nas ruas de Brasília. 

Segundo o documento, o Plano Piloto é a região administrativa com maior concentração da população de rua (24,7%), seguida por São Sebastião (13,1%), Ceilândia (12,59%) e Taguatinga (11,95%).

O Censo também apontou que 45,3% das pessoas em situação de rua recebiam algum benefício, sendo o principal o Bolsa Família, e 61,9% dos que não estudavam demonstraram interesse em retornar ou iniciar a trajetória escolar. 41,3% afirmaram ter ficado pelo menos 24 horas sem comer na semana da pesquisa. 

A principal atividade para geração de renda das pessoas que participaram do Censo foi a catação de materiais recicláveis. Os principais motivos que levaram as pessoas entrevistadas a situação de rua pela primeira vez foram conflitos familiares e separação conjugal (35,6%) e desemprego/demissão/falta de renda (32,6%).

O decreto publicado pelo GDF, em fevereiro deste ano, instituiu a obrigatoriedade de realização do Censo da população de rua a cada dois anos. A coleta de dados para a nova pesquisa deve começar no segundo semestre de 2024. 

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Edição: Márcia Silva