Distrito Federal

Desmonte

Sindicatos e CRM discutem sucateamento da Saúde no DF

Técnicos em enfermagem anunciam início de greve no dia 17 de junho

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Proposta da reunião também foi dar continuidade às discussões sobre a CPI e a crise na saúde do DF - Foto: Rafaela Ferreira

O Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro) realizou, nesta quarta-feira (12), uma segunda reunião ampliada contra o sucateamento da saúde pública do Distrito Federal e pela abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a saúde. O encontro ocorreu em meio a um cenário de crise, agravado pela dengue, com uma série de falhas de atendimento, dentre elas as que resultaram na morte de quatro crianças em um mês.

A proposta da reunião também foi dar continuidade às discussões sobre a CPI e a crise na saúde do DF, que foram iniciadas na primeira reunião, no dia 27 de maio. Além disso, também foram propostos novos objetivos para os sindicatos, movimentos sociais e estudantes, como a mobilização da sociedade civil através de ações de panfletagem, além da realização de novos atos em defesa da saúde.

Para Jorge Henrique de Sousa, presidente do SindEnfermeiro, o Governo do Distrito Federal (GDF) ainda não deu respostas suficientes para sanar a crise na área. “O problema da saúde no DF é estrutural e diz respeito ao Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), além da demora na realização de consultas e procedimentos.”

:: GDF faz gestão da Saúde com mínimo constitucional permitido de 13,45% em 2024 ::

“Essa é uma crise que vai perdurar porque é de ordem estrutural. Cabe a nós marcar posicionamento nesse cenário. O déficit é de 24 mil servidores. Não dá pra fechar os olhos e achar que uma nomeação de 200 médicos e 156 enfermeiros vai resolver o problema”, disse o representante do SindEnfermeiro.

O conselheiro do Conselho Regional de Medicina do DF (CRM-DF), José David Urbaez, encara o sucateamento da saúde como um plano de destruição do SUS desde que ele foi criado. “Por uma razão simples: instrumento revolucionário na redemocratização. Não podemos ficar em uma negação sistemática do que estamos vivendo”, disse.

Greve dos Técnicos de Enfermagem 

O Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do Distrito Federal (Sindate-DF) anunciou, nesta quarta-feira (12), que, após várias tentativas falhas de negociação com o governo, a categoria decidiu, por unanimidade, iniciar uma greve. O Sindate se reuniu com o secretário Ney Ferraz na Casa Civil, porém, não houve nenhuma contraproposta. Com isso, a greve começará na próxima segunda-feira (17), respeitando os prazos necessários, afirma a entidade.

Segundo a deputada distrital, Dayse Amarilio (PSB), que é enfermeira obstetra, o momento é delicado. "É importante dizer que essa categoria é a que, desde 2014, nunca foi olhada com o cuidado que merece. Uma categoria que teve uma reestruturação nominal, mas não teve uma reestruturação orçamentária e que, infelizmente, recebe um tratamento que não conseguimos entender. Infelizmente, há um tratamento que privilegia algumas categorias em detrimento das outras e isso, como Câmara Legislativa, não podemos deixar acontecer”, diz Dayse.

:: Após morte de quatro crianças em um mês, enfermeiros do DF denunciam desmonte da saúde pública :: 

A distrital ainda destacou que, atualmente, os técnicos de enfermagem são a única categoria que demora 25 anos para chegar no topo da carreira, enquanto as outras atingem o topo com 18 anos de serviço público.

“Nós vemos que o dimensionamento não é obedecido. O técnico de enfermagem deveria ficar com dois pacientes, mas em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) fica com cinco. Num pronto-socorro o técnico de enfermagem deveria ser responsável por 10 pacientes, mas acaba ficando responsável por 30, às vezes 40 pacientes  e  os profissionais vivem  assim. Então, é necessário ter sensibilidade”, completa. 

CPI da Saúde

Os partidos da base do governo de Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal, conseguiram adiar a instalação imediata da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a gestão da saúde pública do DF, em uma votação no colégio de líderes a última terça-feira (4), na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

Em maio, parlamentares de oposição conseguiram apoio de outros parlamentares e atingiram o número mínimo de assinaturas, oito, para pedir a instalação da CPI em meio ao caos na saúde do DF.

:: Em sessão com familiares de vítimas, base de Ibaneis adia instalação da CPI da Saúde ::

Em vez da CPI da Saúde, a CLDF deve abrir duas outras Comissões de Investigação: uma sobre fraudes ao ICMS e outra sobre combate à violência contra a mulher. Diante da situação caótica, os parlamentares pediram a inversão de prioridade para primeiro instalar a CPI da Saúde, mas apenas o PT, Psol, PSB e Cidadania votaram pela mudança. PL, MDB, PSD, União, Republicanos, PRD, PP e Avante votaram para prorrogar a instalação dessa CPI.

:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato DF no seu Whatsapp ::

Edição: Flávia Quirino