Os docentes da Universidade de Brasília (UnB) aprovaram a saída da greve e indicaram que vão aceitar a proposta do governo federal, nesta quinta-feira (20). A decisão foi aceita, por maioria, durante assembleia geral realizada pela Associação dos Docentes da UnB - Seção Sindical do ANDES-SN (ADUnB-S.Sind). Com isso, na próxima quarta-feira, dia 26 de junho, a instituição volta às atividades.
A categoria estava em greve desde o dia 15 de abril. Para a presidenta da ADUnB, Eliene Novaes Rocha, apesar do aceite da proposta, os docentes vão continuar reivindicando melhores condições do governo federal. "A assembleia deliberou, após 65 dias de greve, pelo fim da greve na Universidade de Brasília, uma assembleia que teve maciça participação dos professores."
“Os docentes indicaram a aprovação da proposta indicada pelo governo, mesmo sabendo que ela é insuficiente, que ela não atende às demandas da categoria, mas que aquilo que o nosso movimento paredista conseguiu conquistar”, disse Eliene.
A proposta do governo federal estabelece para a categoria um reajuste total entre 22% e 43% no acumulado de quatro anos, sendo 9% em 2023 (já concedido). Em janeiro de 2025, será de 9% e 3,5% em maio de 2026. A proposta também estabelece a recomposição parcial do orçamento das universidades e institutos federais; implementação de reajuste de benefícios, como auxílio-alimentação, auxílio-saúde suplementar e auxílio-creche.
Agora, a indicação da Associação segue para o Comando Nacional de Greve (CNG). Em reunião com o Ministério da Educação no dia 14 de junho, representantes do Comando Nacional de Greve do ANDES-SN apresentaram propostas não remuneratórias à categoria, entre essas a revogação da Portaria MEC nº 983, de 18 de novembro de 2020, que altera a carga horária de professores dos institutos federais.
"Nossa greve foi forte, grande, que mobilizou não apenas a universidade, mas também o país, já que tivemos 62 universidades envolvidas que estão em etapa de apreciação também da proposta", disse a presidenta. "Nós estamos saindo daqui com indicativo de que no dia 26 as atividades voltam na Universidade e que a nossa luta continua, que as pautas de reivindicação continuam sendo as pautas de luta do sindicato."
Conquistas
Para a estudante de Publicidade e membro do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Ana Matos, a greve também foi um momento de vitória estudantil. “Alguns centros estudantis entraram na greve. Conseguimos colocar a reforma da casa dos estudantes como prioridade. Não são apenas os docentes que vão sair vitoriosos da greve, mas também os estudantes, porque a luta é conjunta."
“A greve é um instrumento de luta dos trabalhadores. Quando fazemos uma greve, colocamos nossa luta em pauta, e a educação é pauta. Esse sistema não está a favor da educação. A educação é uma pauta conjunta, uma luta de todo mundo", disse a estudante.
Já para o professor Diego Mota Vieira, da Faculdade de Administração, Contabilidade, Economia e Gestão de Políticas Públicas (Face/UnB), a greve teve conquistas, mas ainda deixa a desejar, principalmente, na luta com outras carreiras. “Tivemos conquistas, mas meu sentimento é ambíguo. É um final de greve melancólico. Precisamos nos posicionar quanto às outras categorias, estamos disputando com elas”, disse durante a assembleia.
Técnicos-administrativos em greve
Já os servidores técnico-administrativos em educação da UnB sinalizaram que continuam em greve, após rejeitarem a proposta apresentada pelo governo em reunião com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) no dia 11 de junho. A posição foi definida em assembleia geral do Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos da UnB (Sintfub) realizada nesta terça-feira (18).
O coordenador de Imprensa e Divulgação do Sintfub e servidor da UnB, Maurício Sabino de Araújo Rocha, disse que, na ocasião, a posição votada da categoria foi no sentido de que a proposta ainda não é suficiente para assinar um acordo e apontar uma finalização de greve. "O resultado já foi levado ao Comando Nacional de Greve. De concreto, há uma nova assembleia na terça-feira (25). Sem técnicos ativos a universidade não funciona."
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Edição: Márcia Silva