As dependências do Hospital Regional de Ceilândia (HRC) foi alvo de uma fiscalização de deputados distritais nesta quinta-feira (27). Na ocasião, os parlamentares verificaram que há uma superlotação da unidade de saúde, que opera em bandeira vermelha na clínica médica e na pediatria. Também foram encontrado pacientes em corredores, sem a possibilidade uma organização e escala de dimensionamento dos servidores.
A fiscalização foi realizada após o canal da Comissão de Assuntos Sociais da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CAS/CLDF) receber uma denúncia. Durante a visita, realizada pela deputada Dayse Amarilio (PSB) e o deputado Max Maciel (PSOL), ainda foram encontraram 36 pacientes a mais na emergência, o que é encarado como "um dia tranquilo" pelas equipes do hospital.
A deputada Dayse Amarilio, afirmou que as fiscalizações têm sido realizadas com o intuito de averiguar as condições das unidades de saúde, a situação dos profissionais e propor alternativas para o caos que os usuários e trabalhadores da saúde pública do DF vêm enfrentando.
Problemas encontrados
Um ponto que chamou atenção foi o dimensionamento do pessoal do hospital regional. Segundo os parlamentares, foi constatado que todas as categorias apresentam déficit e as escalas só estão conseguindo ser fechadas através do Trabalho por Período Determinado (TPD).
Na ocasião, também foi denunciado que a previsão é que 37 pacientes percam seus exames, entre os dias 24 e 28 de julho por falta de transporte. Durante a visita, havia apenas cinco ambulâncias rodando, que, além do HRC, precisam atender a região fazendo transporte intra-hospitalar de pacientes de hemodiálise que estão em atendimento domiciliar e são judicializados.
Além da falta de veículos em quantidade adequada para suprir a demanda de atendimentos, ainda há um déficit de aproximadamente 110 motoristas para realizar o transporte de pacientes.
Durante a fiscalização, também foi constatada a falta de insumos básicos como seringas de 20 ml, soro fisiológico de 250 ml e estoque reduzido de luvas que vieram do Hospital de Brazlândia. Além disso, também falta medicamentos para o controle de dor dos pacientes, como tramal, morfina e outros.
Os parlamentares ainda encontraram equipamentos depredados, como macas quebradas, amarradas com ataduras e equipamentos sustentados por caixas, equipamentos quebrados e amontoados em corredores e paredes com rachaduras e mofo.
Mesmo com a situação, os distritais foram informados que há um recurso no valor de R$12 milhões para a reforma do Pronto Socorro da unidade. O recurso estaria em uma conta da Caixa Econômica Federal (CEF) aguardando a autorização da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap).
O que diz a Secretaria de Saúde?
Em relação aos problemas encontrados pelos deputados, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) informou, em nota, que no dia 27 de maio, foi autorizada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) a contratação de 492 profissionais da saúde para rede pública, como médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem para reforçar o atendimento.
A pasta ainda aponta que, em 2023, foram chamados 741 médicos de diversas especialidades, 241 enfermeiros, 132 cirurgiões dentistas e 565 especialistas em saúde, totalizando 1.685 nomeações. Já em 2024, foram realizados 700 novos chamamentos, sendo 90 médicos, 156 enfermeiros, 181 técnicos de enfermagem e 273 agentes de vigilância ambiental e atenção comunitária à saúde.
"Ao longo da gestão, houve a construção e revitalização de unidades de saúde; desenvolvimento de estratégias para otimização dos processos e fluxos de trabalho", mostra a nota.
Sobre transporte, a SES-DF diz que, nos próximos meses, receberá 62 novas ambulâncias, no valor de R$ 17. 888. 530 milhões, sendo algumas já entregues nos próximos dias. "Dessa forma, a SES-DF assegura que a quantidade de viaturas está dentro dos padrões adequados para atender às demandas da saúde pública no Distrito Federal", informa.
A pasta ainda destaca que, para mitigar situações de falta de insumos e medicamentos no abastecimento da rede, existe uma Diretoria de Programação (Dipro), que utiliza dos recursos de planejamento de demanda intrínsecos à aquisição de medicamentos e insumos para a saúde.
Saúde mental
Na fiscalização desta quinta-feira, os deputados também apontaram que uma das questões que dificulta o giro de leito, isto é, a vaga para que outros hospitais adentrem no serviço, é a questão dos pacientes psiquiátricos. O hospital chega a ficar com esses pacientes por até 15 dias, quando esses pacientes deveriam ser direcionados para hospitais de referência nesse tipo de atendimento, como o Hospital de Base e o São Vicente, ou até mesmo para um atendimento ambulatorial num centro de Assistência Psicossocial (CAPS).
Em nota, o Secretária de Saúde informou que trabalha na elaboração de um plano para a ampliação dos leitos clínicos em saúde mental e redução dos leitos psiquiátricos para o cumprimento das legislações nacional e distrital.
Segundo a pasta, foi criado um grupo de trabalho para debater acerca da desmobilização de leitos psiquiátricos em hospitais especializados no DF. "O grupo discute, entre outros temas, a reorganização do atendimento de urgência e emergência, o papel da Atenção Primária, a ampliação e fortalecimento dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e a revisão dos fluxos de atendimento e processos de trabalho para o fortalecimento do atendimento descentralizado em Saúde Mental, ampliando a rede", mostra nota.
:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato DF no seu Whatsapp ::
Edição: Márcia Silva