Da lista interminável dos crimes hediondos praticados pelo regime nazista de “Israel” na Faixa de Gaza, tem um que quase nada se fala: a bestialidade com a qual “Israel” trata os presos palestinos, privados dos mais elementares direitos assegurados por Convenções Internacionais, e submetidos às mais indignas, duras e violentas condições de encarceramento.
O direito internacional trata a maioria dos prisioneiros palestinos como prisioneiros de guerra, que têm direito à proteção fornecida pela Convenção de Genebra III, relativa ao Tratamento de Prisioneiros de Guerra. Outros são presos que estão sujeitos às disposições da Convenção de Genebra IV, relativa à Proteção de Pessoas Civis em Tempo de Guerra. “Israel” se recusa a aplicar essas Convenções a prisioneiros e detentos palestinos.
A mais recente política criminosa adotada por “Israel” diz respeito a Projeto de Lei apresentado pelo partido supremacista Otzma Yehudit (Poder Judeu) para executar prisioneiros palestinos como forma, segundo eles, de diminuir a população carcerária e se livrar dos “terroristas”, cuja defesa pública foi assumida pelo Ministro da Segurança Nacional do governo sionista, o fascista Itamar Ben Gvir, que declarou numa entrevista à TV israelense no domingo (30), que “deveriam ser mortos com um tiro na cabeça”.
No mesmo dia, a ocupação libertou o Dr. Muhammad Abu Salmyia, Diretor do Hospital A-Shifa, o maior da Faixa de Gaza, após 7 meses do ataque, sequestro e prisão, sem que nenhuma acusação tenha sido provada contra ele. O Dr. Salmyia relatou que todos os prisioneiros sofrem espancamentos, são humilhados e muitos permanecem algemados e vendados por vários dias, falta de comida, bebida e medicamentos, além da bestialidade do uso de cães treinados para perpetrar abusos, como estupros.
Além disso, “Israel” está amputando os pés dos prisioneiros que sofrem de diabetes, em vez de lhes prestar tratamento. E sobre casos de prisioneiros doentes ou feridos que passaram por cirurgias sem anestesia, inclusive de amputação de membros ou remoção de balas.
O presidente do Conselho Legislativo Palestino, Abdel Aziz Dweik, de 75 anos, denunciou as torturas sem precedentes a que foi sujeito nos oito meses que ficou na prisão de Negev, localizada no sul de “Israel”, que considera a pior prisão do mundo.
Prisioneiros sequestrados depois do 7 de outubro e recém-libertados, voltam para suas famílias desfigurados, perderam peso e tiveram mesmo sua estrutura facial alterada pelas violações hediondas cometidas por carcereiros israelenses, ao ponto de seus familiares e as crianças não conseguirem reconhecer os pais.
Roubo de órgãos
Outra grave violação dos direitos humanos é o roubo de órgãos dos mártires palestinos, fato denunciado formalmente pelo embaixador da Palestina nas Nações Unidas, Riyad Mansour.
Profissionais médicos em Gaza que examinaram corpos de prisioneiros após sua libertação, denunciaram o roubo de órgãos, incluindo córneas e cócleas, a parte interna do ouvido responsável pela função auditiva, bem como órgãos vitais como coração, fígado e rins.
A ONG Euro-Med Monitor documentou e denunciou o confisco pelo exército israelense de dezenas de cadáveres do Complexo Médico Al-Shifa e do Hospital Indonésio no norte da Faixa de Gaza.
Recentemente, a médica israelense Meira Weiss revelou em seu livro "Over Their Dead Bodies", que órgãos retirados de palestinos mortos foram utilizados em pesquisas médicas nas faculdades de medicina de universidades israelenses e foram transplantados em corpos de pacientes judeus-israelenses.
As prisões funcionam como laboratório para o desenvolvimento de produtos e serviços militares de Israel, que tem autorizado que grandes companhias farmacêuticas realizem testes clínicos em prisioneiros palestinos.
Atualmente, apenas na Cisjordânia, 9.450 prisioneiros palestinos estão submetidos a esse tipo de violações, numa estatística macabra que só piora desde a criação do “estado judeu”, e mais 5.500 sequestrados desde 7 de outubro na Faixa de Gaza. “Israel” criminaliza qualquer forma de oposição à ocupação, e os sucessivos governos israelenses fizeram das prisões o seu principal instrumento de repressão e castigo aos palestinos.
Segundo a International Fundacion Solidarity with Prisioners, desde 2015, mais de 20 mil presos passaram pelas prisões israelenses; e desde 1967, mais de 1 milhão! De acordo com movimentos de direitos humanos, 561 palestinos estão cumprindo prisão perpétua e 533 condenados a penas de mais de 20 anos, incluindo 40 mulheres, inclusive grávidas; 250 crianças, algumas com idade inferior a dez anos; 3.410 presos administrativos; e, pasmem, 15 deputados legitimamente eleitos para o Conselho Legislativo Palestino.
As informações ou evidências contra os prisioneiros são secretas e não podem ser acessadas pelo detido nem por seu advogado, de acordo com as ordens militares israelenses. A detenção administrativa é um dos mais flagrantes métodos de perseguição do apartheid israelense e pode ser renovada por tempo ilimitado.
Entre os presos, encontram-se muitas mulheres e crianças, que sofrem violência física e psicológica e que são privadas pelo governo de Israel de frequentar escolas e ter acesso ao ensino, direito estabelecido em acordos e convenções internacionais.
A causa da libertação dos presos palestinos nas masmorras de “Israel” e a luta do povo palestino pela dignidade, pela terra do Rio ao Mar, contarão sempre com a solidariedade e apoio de todas as pessoas que lutam por justiça e respeito a direitos em todos os cantos do mundo.
O holocausto de palestinos por “Israel” não pode virar um modelo, como o nazismo e o apartheid na África do Sul estão servindo e usados pelo regime sionista de extermínio nestes 76 anos de ocupação, cuja verdadeira face é o ódio para com o povo e as graves violações contra os presos palestinos.
*Sayid Marcos Tenório é Historiador, Especialista em Relações Internacionais e Vice-Presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal). Autor do livro Palestina: do mito da terra prometida à terra da resistência (Anita Garibaldi/Ibraspal).
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
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Edição: Rafaela Ferreira