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A greve acabou, mas a luta em defesa da Educação Pública continua

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"De volta às salas de aula, continuaremos mobilizadas e mobilizados em defesa do conhecimento, da ciência e de uma educação pública socialmente referenciada" - AScom ADUnB-S.Sind
De volta às salas de aula, continuaremos mobilizados

Foram 70 dias de movimento paredista na Universidade de Brasília (UnB), uma greve deliberada coletivamente que iniciou no dia 15 de abril, a partir das deliberações do nosso Sindicato Nacional, ANDES.

Uma greve que já entrou para a história do movimento sindical docente, não apenas pela quantidade de dias de paralisação, mas, sobretudo, pela capacidade de mobilização, de debates, provocações e reflexões, a partir da compreensão de que a luta não era apenas por reajuste salarial, mas em defesa da Educação e da Universidade Pública.

A greve envolveu docentes, técnico-administrativos e estudantes de 64 instituições federais de ensino superior, uma grande movimentação em defesa da Educação Superior. Esta foi uma mobilização importante e necessária, considerando, principalmente, o sucateamento promovido pelos governos de Temer e Bolsonaro, declarados Inimigos da Educação.

Neste período de greve, promovemos debates importantes não só sobre direitos, questões orçamentárias, reposição salarial e tantos outros pontos importantes, mas sobre a retomada da conquista da Universidade como espaço público, como espaço de defesa das lutas sociais, uma universidade em defesa do conhecimento e contra o negacionismo. 

Fizemos uma greve que restituiu a luta do movimento docente e que reafirmou a necessidade de um olhar cuidadoso sobre as condições de trabalho da categoria docente e de técnico-administrativos, além da assistência estudantil para que estudantes possam permanecer e concluir os seus cursos nas universidades.

A greve trouxe à tona inúmeros debates essenciais para se pensar e discutir a Educação que queremos e precisamos para o desenvolvimento do país. Um movimento que não foi corporativo, que não reivindicou apenas a reposição salarial, embora seja essa uma pauta fundamental, mas colocou o debate sobre a defesa da universidade pública gratuita de qualidade, uma universidade que esteja a serviço da sociedade brasileira e contra o paradigma neoliberal na ordem do dia. Uma luta que esbarrou nos limites da disputa por recursos públicos, expondo também a necessidade urgente de transparência e elucidação dos debates sobre o orçamento público, que aparta boa parte da sociedade brasileira sobre esse tema crucial para a vida de brasileiras e brasileiros.

No contexto pós-pandêmico, o movimento paredista é resultado de um processo de retomada da luta coletiva nos sindicatos, principalmente na UnB. A greve não é um tema pacífico, é controverso, porque é um instrumento de luta. E esse processo de retomada de luta se inicia na UnB em 2018, a partir de uma necessidade, coletiva, de retomar o sindicato como espaço coletivo, como espaço de luta por direitos, característica demarcada das últimas três gestões.

Na UnB, o movimento paredista respondeu a necessidade de uma categoria que aprovou a greve, organizada e pautada por mais de 80 pessoas que integraram o Comando Local de Greve, resultando em mais de 70 atividades que abordaram uma diversidade de temas transversais à defesa educação pública e o seu papel na sociedade brasileira.

Fizemos uma greve forte, uma greve política, uma greve educativa. Este não foi um movimento contra o governo, foi uma greve a favor da Educação. Essa foi a nossa tônica do início ao fim: a luta em defesa da universidade pública e da educação.

Demarcamos também com esse movimento, que os sindicatos continuam a ser instrumentos importantes e essenciais para luta política coletiva, essenciais em uma democracia na garantia de direitos. Fortalecemos nosso Sindicato Nacional e também a ADUnB-S.Sind.

A greve acabou, mas nossa luta continua. De volta às salas de aula, continuaremos mobilizadas e mobilizados em defesa do conhecimento, da ciência e de uma educação pública socialmente referenciada.

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*Diretoria da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB - S. Sind. do ANDES-SN)

**Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

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Edição: Márcia Silva