Distrito Federal

SÓ NO CARTÃO

Tribunal Regional Federal barra projeto do GDF para que ônibus deixem de receber em dinheiro

Decisão proíbe ampliação de linhas com pagamento eletrônico exclusivo até que seja implementada a solução tecnológica

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Passageiros enfrentam filas pra recarregar cartão mobilidade na Rodoviária do Plano Piloto - Foto: Valmir Araújo - Brasil de Fato DF

Desde o dia 1º de julho, o Governo do Distrito Federal (GDF) iniciou um processo que exclui a possibilidade do pagamento em dinheiro para passageiros de 52 linhas de ônibus do transporte público. No entanto, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) suspendeu a ampliação das linhas de ônibus que não vão receber mais dinheiro em espécie como forma de pagamento, frustrando os planos do GDF de acabar com essa possibilidade até o final do ano.

A suspensão se deu a partir de um pedido da Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF), que desde maio acionou a Justiça argumentando que a mudança proposta pelo GDF para a forma de recebimento das passagens infringia direitos constitucionais, dificultando o acesso da população, especialmente a mais vulnerável, ao transporte público.

A OAB/DF moveu uma Ação Civil Pública (ACP) com o objetivo de revogar as portarias nº que determinavam que o pagamento da tarifa de transporte público no DF deveria ser realizado exclusivamente por meios eletrônicos, a partir de 1º de julho de 2024, mas a 13ª Vara Federal Cível do Distrito Federal, rejeitou o pedido e manteve a medida.

No entanto, no pedido da OAB ao TRF1, a desembargadora Ana Carolina Roman decidiu deferir parcialmente o pedido da Ordem para impedir o aumento do número de linhas atendidas unicamente por meio do pagamento eletrônico, até que seja implementada a solução tecnológica.

A ação da OAB/DF destacou que a transferência do pagamento em espécie para pontos de comercialização específicos não resolvia o problema, pois obrigava os usuários a se deslocarem e realizarem cadastros, criando entraves significativos para cadeirantes, idosos e outros grupos vulneráveis.

“O governo do DF noticiou amplamente pela imprensa e por seus canais de comunicação que a fase inicial de implantação do novo sistema de pagamento das tarifas contempla a utilização do cartão mobilidade a 52 linhas de ônibus e que esse número seria aumentado a cada duas semanas”, destacou a decisão da desembargadora, acrescentando: “entendo ser o caso de manter a utilização do novo meio de pagamento nas 52 linhas já implantadas, suspendendo, contudo, o aumento do número de linhas até que esteja implantado a solução de pagamento avulso previsto no art. 6° da Portaria 116/2024”.

Semob

Em nota, a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) destacou que: “a decisão referente a não ampliação das linhas não altera o cronograma, uma vez que as alterações serão feitas de forma gradual. Além disso, a ampliação só ocorreria após a resolução do bilhete avulso”.

A Pasta ainda ressaltou que a medida de retirada de dinheiro em espécie dos ônibus começou pelas linhas com menor volume de pagamento em dinheiro (52 linhas), onde a maioria dos usuários já utilizam o pagamento por meio eletrônico.

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Edição: Márcia Silva