Distrito Federal

ESPERANÇA NO PRATO

MTD-DF inaugura Cozinha Popular no Sol Nascente, com distribuição de mais de 200 marmitas

Projeto em parceria com Instituto Rosa dos Ventos também vai recuperar horta comunitária e oferecer capacitação

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Refeições saudáveis e com qualidade nutricional ofertadas pela Cozinha Popular buscam ser alento para insegurança alimentar enfrentada pela população do Trecho 3 de Sol Nascente - Bianca Feifel

Mais de 200 famílias do Trecho 3 de Sol Nascente saborearam as primeiras refeições oferecidas pela Cozinha Popular Mara Maria de Jesus, inaugurada neste sábado (13) pelo Movimento dos Trabalhadores por Direitos do Distrito Federal (MTD-DF), em parceria com o Instituto Rosa dos Ventos. 

Por meio da organização popular e da solidariedade, a iniciativa pretende levar alimentação saudável para a população que convive com a insegurança alimentar. “É trazer esperança para o prato e para a mesa das famílias. Hoje a gente atendeu 200 famílias. E eu espero que a gente cresça mais com as doações que a gente precisa para nossa cozinha”, disse Ana Cristina da Silva Gomes, liderança do MTD-DF e moradora do Trecho 3. 

Franqueline Silva Conceição, de 42 anos, foi uma das moradoras que esteve na Cozinha Popular para buscar marmitas para a família. “Se for depender do governo, a gente é muito largado. É bom ter esses projetos aqui para nós e para nossas crianças. Ajuda demais”, relatou ao Brasil de Fato DF enquanto levava o almoço do dia para casa.


Moradora do Trecho 3 de Sol Nascente, Franqueline Silva Conceição, de 42 anos, recebeu marmitas da Cozinha Popular / Bianca Feifel

De acordo com a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD), de 2021, a região administrativa de Sol Nascente tem o maior índice de insegurança alimentar grave do Distrito Federal, com 12,7% da população sem ter o que comer.

“Tem mãe, tem família que passa muita necessidade mesmo aqui. O nosso trecho é considerado o mais carente [de Sol Nascente]. Você já pensou em ir dormir e não ter o que comer, acordar com a barriga vazia? É muito triste, principalmente para as crianças”, relatou emocionada Ana Cristina, que coordena a Cozinha Popular.

Segundo a nutricionista Juliana Machado, o Trecho 3 pode ser considerado um deserto alimentar, uma área em que o acesso a alimentos in natura e minimamente processados, como frutas e verduras, é escasso ou impossível. 

“Chegamos com a cozinha com a expectativa de que a gente melhore a alimentação da nossa comunidade. Não é comer qualquer coisa, é comer comida saudável, adequada, que faça a gente crescer e que as crianças também cresçam bem, fortes e saudáveis”, disse Juliana durante a inauguração deste sábado (13). 

O MTD-DF atua em Sol Nascente desde 2019. Durante a pandemia do coronavírus, o movimento fez ações de solidariedade e doações de cerca de 40 cestas básicas por mês. Na mesma época, no local em que agora foi inaugurada a cozinha, funcionava uma padaria gerida pela comunidade com o objetivo de gerar renda para mulheres da região. 

A Cozinha Popular foi nomeada em homenagem a Mara Maria de Jesus, militante do MTD-DF que participou da criação da padaria e de outras ações e faleceu no ano passado. Inicialmente, o espaço vai oferecer uma refeição por semana, mas a ideia é fortalecer a iniciativa para que a distribuição de marmitas aconteça, pelo menos, duas vezes semanalmente. 


Cozinha Popular Mara Maria de Jesus foi nomeada em homenagem à moradora e integrante do MTD-DF / Bianca Feifel

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) também participou da inauguração.“É bom lembrar que hoje as cozinhas solidárias são política pública. As pessoas vem, saciam sua fome de pão, mas também é espaço de conversa, é espaço em que a comunidade se manifesta para reconhecer a sua capacidade de transformar a realidade”, afirmou a parlamentar.

A Cozinha Popular Mara Maria de Jesus é uma das ações do projeto Esperança no Prato. Além da distribuição das refeições, a iniciativa vai promover outras ações de capacitação para a alimentação saudável. 

O movimento também pretende recuperar a horta que fica ao lado da Cozinha. No ano passado, em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do DF (MST-DF), foram cultivadas no local cenouras e hortaliças, como alface, couve, cebolinha e alho poró. A produção rendeu 50 cestas com alimentos livres de agrotóxicos que foram doadas para a população da região. 

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Edição: Rafaela Ferreira